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Melhorias na PR-466 avançam, mas estruturação de hub logístico carece de seriedade, plano e investimentos

Com planejamento estratégico, recursos públicos e projetos poderiam render melhores resultados

15/10/2025
Governo do Estado vai aplicar R$ 231,6 milhões na restauração do pavimento da PR-466, entre Manoel Ribas e PitangaGoverno do Estado vai aplicar R$ 231,6 milhões na restauração do pavimento da PR-466, entre Manoel Ribas e Pitanga

O eixo rodoviário da PR-466, que cruza a Região Central do Paraná, começa a ganhar corpo como vetor de desenvolvimento logístico, com a homologação de uma obra de R$ 231,6 milhões para restauração e ampliação do trecho entre Manoel Ribas e Pitanga. A rodovia já é considerada uma das principais conexões do chamado hub logístico da região, que vem ganhando impulso com a duplicação entre Guarapuava e o distrito de Palmeirinha – mas ainda carece de investimentos estruturantes para viabilizar uma integração multimodal eficaz, como a construção de um Aeroporto Regional e a modernização da ferrovia existente, datada da década de 1950.

A obra entre Manoel Ribas e Pitanga, recém-homologada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), vai requalificar 43 quilômetros da PR-466 com pavimento de concreto, partindo do acesso à subestação de Furnas até o entroncamento com a PR-460. A técnica utilizada será o whitetopping, que consiste em aplicar uma camada de concreto sobre o asfalto existente, garantindo maior durabilidade e menor necessidade de manutenção.

O investimento será executado pelo Consórcio Construtor CEA Manoel Ribas, composto pelas empresas Ellenco, Afirma Evias e Construtora Luiz Costa, com prazo de 180 dias para o projeto executivo e 690 dias para a execução da obra. O projeto também prevê dois novos viadutos em desnível, ampliação de acessos locais e implantação de sistemas modernos de drenagem e segurança viária.

O termo hub logístico refere-se a um centro estratégico de movimentação, armazenamento e distribuição de cargas e passageiros, que integra diferentes modais de transporte – rodoviário, ferroviário e aéreo. A Região Central do Paraná, com Guarapuava como principal polo urbano e industrial, possui localização privilegiada para se tornar esse centro: equidistante dos portos de Paranaguá e de mercados consumidores importantes do Sul e Sudeste, além de estar cortada por rodovias de fluxo nacional como a BR-277.

No entanto, apesar de todo o potencial, o hub ainda está longe de se materializar de forma plena, planejada e estruturada.

Um dos principais gargalos é a ausência de um Aeroporto Regional com infraestrutura adequada para voos comerciais e transporte de cargas. Outro entrave é a ferrovia que corta a região, construída na década 70 anos, com baixa eficiência logística e sem projetos claros de modernização no curto prazo.

Embora necessite de planejamento de longo prazo e um cronograma que seja executado no menor tempo possível, a discussão sobre o futuro logístico da Região Central inexiste. O assunto chegou à Assembleia Legislativa por meio de uma proposta protocolada por Câmaras Municipais de 13 municípios da região, encabeçada pelo presidente do Legislativo guarapuavano, vereador Pedro Moraes, e programou um movimento regional para ser amplamente debatido.

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O plano de integração regional prevê a articulação de modais rodoviário, ferroviário e aéreo em um sistema coordenado, capaz de reduzir custos logísticos, atrair novos investimentos e reverter o atraso em relação a outras regiões do estado, como o Norte, Campos Gerais e o Oeste, que já avançam com terminais rodoferroviários e aeroportos regionais.

Urgência estratégica

A ausência de infraestrutura integrada tem impacto direto na competitividade das indústrias locais, especialmente nos setores agroindustrial, madeireiro e de insumos, que dependem de transporte eficiente para escoar produção. Ainda que PR-466 avance com obras relevantes, como o atual projeto entre Manoel Ribas e Pitanga, o desenvolvimento logístico da região exige planejamento de longo prazo e compromisso político com investimentos que transcendam o modal rodoviário.

Mapa das obras entre Manoel Ribas e Pitanga

Em Guarapuava, no eixo da 466, encontram-se grandes empresas, como os grupos Repinho e Millpar, com novos empreendimentos industriais já em construção, ligando a diversos pequenos municípios com capacidade de agroindustrialização e integração regional. No caminho, também se encontra Campo Mourão, sede da cooperativa Coamo, que investe R$ 1,7 bilhão numa usina de etanol com processamento de milho.

Se o Paraná quiser transformar sua Região Central em um verdadeiro hub logístico, será preciso mais do que obras pontuais: será necessário pensar de forma sistêmica. A PR-466 pode ser uma via estruturante dessa mudança – desde que conectada a um aeroporto moderno, a uma ferrovia eficiente e a políticas públicas que incentivem a logística integrada.

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