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Assembleia Legislativa do Paraná recebe Carta-Manifesto que propõe Desenvolvimento Regional Integrado

Proposta sugere criação de hub logística e plano estratégico para atração de investimentos

02/10/2025
Documento, assinado por vereadores de 13 Câmaras Municipais, foi entregue ao presidente da Assembleia, Alexandre Curi, pelo presidente do Legislativo guarapuavano, Pedro Moraes Documento, assinado por vereadores de 13 Câmaras Municipais, foi entregue ao presidente da Assembleia, Alexandre Curi, pelo presidente do Legislativo guarapuavano, Pedro Moraes

A entrega de um manifesto regional durante a 31ª Assembleia Itinerante da ALEP, nesta quarta-feira (1º), em Guarapuava, marca um movimento inédito de cooperação política na Região Central do Paraná.

O documento, subscrito por vereadores de 13 municípios e entregue pelo presidente da Câmara de Guarapuava, Pedro Moraes (MDB), ao presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi (PSD), propõe o redesenho da infraestrutura regional, com ênfase em um hub logístico e na criação de um Plano de Desenvolvimento Econômico de longo prazo.

O movimento surge como resposta a uma realidade desconfortável: enquanto outras regiões se consolidaram com corredores de transporte modernizados, Guarapuava continua dependente de uma ferrovia inaugurada em 1950 e de um aeroporto considerado inviável pelas companhias aéreas. “Sem infraestrutura, as grandes empresas vão para onde o hub logístico existe. Nossa região não pode continuar isolada”, disse Pedro Moraes.

A aposta em infraestrutura integrada

O manifesto apresenta como prioridades a duplicação das rodovias BR-277, PR-170 e PR-466, a construção de um novo aeroporto regional para cargas e passageiros e a modernização ferroviária, incluindo a integração de Guarapuava na Nova Ferroeste. Mais do que obras, a proposta sugere um arranjo estratégico: um sistema multimodal que conecte rodovias, ferrovia e aviação em torno de um polo logístico centralizado.

Esse formato, argumentam os articuladores, é fundamental para atrair empresas que dependem de cadeias produtivas ágeis. Sem ele, a Região Central corre o risco de permanecer como fornecedora de mão de obra barata e exportadora de talentos formados em suas universidades.

Dimensão política e econômica 

O manifesto também revela um cálculo político: ao agir em bloco, os municípios buscam ganhar relevância nas disputas por recursos do Estado e da União. A união regional, inédita até aqui, confere ao documento legitimidade adicional.

A ambição é romper com um ciclo de paralisia. Obras de infraestrutura no Paraná avançaram nas últimas décadas, mas a macrorregião de Guarapuava ficou à margem dos grandes corredores logísticos. “Estamos pensando em um planejamento para 30 anos, e não apenas em mandatos de quatro anos”, disse Moraes.

Desafios da execução 

Apesar da coesão política inédita, os obstáculos são consideráveis. A construção de um novo aeroporto implica investimentos de centenas de milhões de reais e depende de garantias de demanda. A modernização ferroviária exige alinhamento com o projeto da Nova Ferroeste, que já enfrenta controvérsias técnicas e ambientais.

Ainda assim, os articuladores acreditam que o simbolismo da entrega à ALEP pode abrir espaço para colocar a Região Central do Paraná na agenda estadual. “Se não soubermos aproveitar a posição geográfica, ela será apenas um ponto no mapa”, disse Moraes.

O que está em jogo

O manifesto traduz mais do que reivindicações locais: é uma tentativa de redefinir o papel do Centro-Sul do Paraná na economia estadual. Se bem-sucedido, o plano pode transformar Guarapuava em um ponto de convergência para logística, indústria e serviços. Se fracassar, a região continuará dependente de cadeias produtivas externas e da exportação de sua mão de obra qualificada.

O desafio, agora, é converter a carta em projetos executáveis, capazes de resistir ao tempo e à alternância de governos.

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