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Combinação agro+indústria impulsiona balança exterior do Paraná

Estado mantém sequência de superávits comerciais em meio à mudança na demanda global

27/10/2025

O Paraná registrou seu quinto superávit comercial desde 2019, sinalizando um período sustentado de resiliência impulsionada pelas exportações – em contraste com o desempenho externo irregular de grande parte do país. 

Entre janeiro e setembro de 2025, o Paraná apresentou um saldo positivo de aproximadamente US$ 2,1 bilhões, segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). As exportações somaram US$ 17,7 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 15,6 bilhões.

Os números colocam o Paraná entre as economias mais voltadas ao comércio exterior do Brasil, impulsionado por uma combinação de força do agronegócio e expansão das exportações industriais.

“Os sucessivos superávits refletem tanto a competitividade das empresas locais quanto a infraestrutura logística construída pelo governo”, afirmou Jorge Callado, presidente do Ipardes.

O atual ciclo representa uma virada em relação ao início da década de 2010, quando o Estado registrou quatro déficits comerciais consecutivos. O ano pandêmico de 2020 foi uma surpresa positiva: com o aumento global da demanda por alimentos e matérias-primas, as exportações chegaram a US$ 16,2 bilhões, frente a US$ 11,8 bilhões em importações, gerando um superávit de US$ 4,3 bilhões.

Houve uma breve reversão em 2022, quando a invasão russa à Ucrânia elevou os preços globais de fertilizantes e reduziu as margens agrícolas. Mas o Estado se recuperou rapidamente em 2023, alcançando um superávit recorde de US$ 7,1 bilhões, impulsionado por uma safra recorde de soja e fortes exportações de frango.

Os dados de 2025 sugerem um padrão mais maduro. As commodities tradicionais – soja e carne de frango – ainda dominam a pauta de exportações, mas sua participação conjunta caiu de 42% para cerca de 36%.

Ao mesmo tempo, as exportações de cereais, automóveis e produtos refinados cresceram rapidamente – com os veículos registrando alta de quase 70% em relação ao ano anterior.

Mudanças globais, novos mercados 

Outro fator importante é a diversificação de destinos. Os produtos paranaenses agora chegam a 209 mercados estrangeiros, ante 196 em 2019, enquanto as vendas para China e Estados Unidos diminuem ligeiramente e os embarques para Argentina, Índia e Irã ganham espaço. Essa dispersão tende a proteger o Estado de choques localizados em determinadas regiões.

A resiliência exportadora do Paraná se destaca no contexto nacional, marcado pela recuperação industrial lenta e por um câmbio ainda volátil. Mesmo assim, analistas alertam que as perspectivas do Estado continuam ligadas aos ciclos globais de commodities e aos custos de insumos. A conclusão é de que a diversificação melhorou o cenário, mas os fundamentos – soja, proteína e máquinas – ainda sustentam a balança comercial.

Se 2025 encerrar conforme o previsto, o Paraná terá igualado o número total de superávits registrados em toda a década anterior. Em um país onde as economias regionais frequentemente dependem da política fiscal de Brasília, o desempenho do Estado representa um raro exemplo de como escala, infraestrutura e diversificação podem se combinar para gerar ganhos externos consistentes.

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