Trump sinaliza abertura para reduzir tarifas ao Brasil e pode se reunir com Lula durante cúpula na Ásia
Declarações do presidente americano dentro do Air Force One indicam mudança de tom nas relações bilaterais; Marco Rubio confirma que encontro deve ocorrer na Malásia ou na Coreia do Sul
25/10/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou neste sábado (25) que está disposto a rever as tarifas impostas às exportações brasileiras, desde que “as circunstâncias sejam as certas”. A declaração foi dada a jornalistas dentro do Air Force One, durante o trajeto para Kuala Lumpur, na Malásia, onde ele participará da 47ª Cúpula da ASEAN – associação que reúne países do Sudeste Asiático.
A fala representa a guinada mais clara até agora na postura do governo norte-americano em relação ao Brasil, após meses de tensão comercial e diplomática. Trump afirmou que vê “boas perspectivas para um acordo abrangente” e elogiou o diálogo recente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem manteve uma videoconferência no início de outubro.
“Tivemos uma conversa muito boa. Acho que há uma chance real de chegarmos a um grande entendimento”, disse Trump, segundo a agência Reuters.
A possibilidade de um encontro presencial entre Trump e Lula durante as reuniões na Ásia ganhou força nos últimos dias. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou a jornalistas que os dois líderes “devem interagir” na Malásia ou na Coreia do Sul, onde Trump também cumprirá agenda diplomática.
“O presidente terá contato com Lula, possivelmente na Malásia, talvez na Coreia. Estamos trabalhando nos detalhes”, afirmou Rubio, em coletiva no Departamento de Estado.
Reaproximação após meses de tensão
A retomada do diálogo marca um ponto de inflexão nas relações bilaterais, que haviam se deteriorado desde que Washington elevou tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e impôs sanções a autoridades do país. Em resposta, o governo Lula vinha buscando apoio de parceiros asiáticos e europeus para driblar as restrições americanas.
Na videoconferência de 6 de outubro, Lula pediu formalmente a suspensão das tarifas e convidou Trump a visitar o Brasil. A Casa Branca confirmou o contato e o classificou como “cordial e produtivo”.
A eventual reunião na Ásia deverá abordar temas comerciais e de investimentos, incluindo exportações agrícolas e políticas de transição energética. Para o Brasil, o gesto é visto como oportunidade de aliviar as perdas no setor exportador e reabrir canais de negociação direta com Washington.
Cúpula sob tensão geopolítica
A Cúpula da ASEAN, que ocorre deste domingo (26) à terça-feira (28) em Kuala Lumpur, será o primeiro grande encontro internacional de Trump após sua reeleição. A agenda inclui discussões sobre comércio global, minerais estratégicos e segurança no Indo-Pacífico – temas que também interessam ao Brasil, em especial pela disputa por mercados e insumos agrícolas.
Diplomatas brasileiros que acompanham a comitiva em Kuala Lumpur afirmam que uma reunião entre Trump e Lula “é possível, mas depende da agenda de ambos”. Caso se concretize, será o primeiro encontro bilateral entre os dois desde que Trump voltou ao poder.
Sinais de mudança
A fala de Trump sobre o Brasil, ainda que condicionada, é interpretada por observadores como sinal de moderação estratégica do governo americano. A nomeação de Marco Rubio – conhecido por posições firmes na política externa – como principal interlocutor com o Itamaraty reforça a tentativa de conduzir a relação de forma pragmática.
Para o Brasil, o gesto pode representar o início de um novo ciclo diplomático. Uma eventual flexibilização das tarifas americanas teria impacto direto sobre exportadores de café, carne bovina e produtos industriais – setores fortemente atingidos pelas medidas anteriores.
Enquanto isso, Lula segue buscando apoio de países asiáticos e europeus para fortalecer o comércio exterior e ampliar o papel do Brasil em fóruns multilaterais.
“Se houver espaço para o diálogo, o Brasil está pronto”, afirmou um assessor do Planalto que acompanha as negociações na Malásia.
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