Tarifas de Trump e o aperto sobre o setor madeireiro do Paraná: um teste para a resiliência das exportações brasileiras
Segmento terá de se adaptar às exigências norte-americanas ou buscar novos mercados
10/08/2025
Um levantamento preliminar da Secretaria da Fazenda e da Receita Estadual do Paraná revela que cerca de 700 empresas no Estado dependem das exportações para os Estados Unidos para mais de 1% de seu faturamento – um indicativo claro da profundidade da interconexão econômica com o maior mercado consumidor do planeta. Entre elas, 16 companhias se destacam por ter mais de 90% da receita diretamente vinculada ao mercado norte-americano, com o setor madeireiro encabeçando essa pauta de exportações.
Aos olhos da economia paranaense, os Estados Unidos são um destino vital, comprando anualmente cerca de US$ 1,5 bilhão em produtos do Estado. Só no primeiro semestre de 2025, as vendas atingiram US$ 735 milhões, sendo a madeira e seus derivados – MDF, esquadrias, portas – os protagonistas dessa relação comercial. Ainda que o Paraná tenha ampliado seu portfólio de exportação para mais de 90 grupos de produtos, que vão de máquinas e combustíveis minerais a produtos farmacêuticos e café, o setor madeireiro permanece particularmente vulnerável às medidas protecionistas americanas.
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Boa parte dessas indústrias está na região de Guarapuava, um delas, a Millpar, com mais da metade de seus funcionários em férias coletivas; inicialmente programada para 15 dias, e agora ampliada para 30.
A imposição de tarifas adicionais pelo governo Trump, parte de sua estratégia para proteger a indústria doméstica, desdobra-se como um “tarifaço” que pressiona exportadores paranaenses a reavaliar suas estratégias comerciais. O impacto imediato é sentido na liquidez e na competitividade, desafiando empresas que há anos construíram uma base sólida no mercado dos EUA.
Em resposta, o Governo do Paraná lançou um programa emergencial de liberação de crédito no valor de R$ 300 milhões, somando esforços via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Fomento Paraná. Inicialmente, R$ 200 milhões estão disponíveis em uma linha de crédito especialmente desenhada para financiar o capital de giro das empresas exportadoras, com condições favoráveis: prazo de cinco anos, carência de um ano e taxa de juros de IPCA + 4%, significativamente abaixo do custo médio do crédito para o setor. Até o momento, 16 empresas já protocolaram pedidos que somam R$ 137 milhões, sinalizando a urgência e a adesão ao programa.
Este apoio financeiro visa mitigar o choque das tarifas, mas não elimina o desafio estrutural imposto pelas políticas protecionistas americanas. Para o setor madeireiro paranaense, esta conjuntura é um teste à sua capacidade de adaptação, diversificação e busca por novos mercados que possam compensar a retração americana. A sobrevivência e o crescimento sustentável dependem, agora, de uma combinação entre suporte governamental, inovação e diplomacia comercial, num ambiente global que se torna cada vez mais volátil e incerto.
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