Mercado ajusta projeção de inflação para 2025, mas expectativa ainda supera meta do BC
Focus mantém estimativas para PIB, dólar e Selic; inflação segue pressionada apesar de recuo
13/10/2025
O mercado financeiro reduziu ligeiramente sua previsão para a inflação brasileira em 2025, agora estimada em 4,72%, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central. Ainda assim, a projeção permanece acima do teto da meta oficial de inflação, fixada em 4,5%.
A revisão marca a segunda queda consecutiva nas expectativas do mercado: há uma semana, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era estimado em 4,80%; há um mês, em 4,83%. Para 2026 e 2027, as projeções se mantêm inalteradas, em 4,28% e 3,90%, respectivamente.
Apesar do ajuste, o número segue em território desconfortável para o Banco Central. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite máximo aceitável é 4,5% – valor já superado pela projeção atual.
Juros elevados por mais tempo
Em meio à persistência inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem mantido a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, patamar elevado que, segundo o próprio BC, deverá ser preservado por um "período prolongado". A expectativa é de que a Selic recue apenas em 2026, para 12,25%, e chegue a 10,50% em 2027.
A estratégia do Copom é conter pressões de demanda e evitar efeitos secundários da inflação — ainda que isso signifique sacrificar parte do crescimento econômico. Juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo, mas também tornam mais difícil a retomada de investimentos e da produção.
PIB segue estável, mas perspectiva de desaceleração persiste
As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) foram mantidas em 2,16% para 2025, repetindo a expectativa registrada nas últimas cinco semanas. Para 2026, o mercado prevê crescimento de 1,80%. Já em 2027, houve uma leve revisão para baixo: de 1,90% para 1,83%.
Os números refletem um cenário de desaceleração moderada da economia, possivelmente influenciado pelos juros elevados e pela persistente incerteza global. O mercado vê sinais de moderação na atividade, o que contribui para a manutenção da política monetária atual.
Alívio no câmbio
A moeda norte-americana também teve sua estimativa levemente ajustada. O dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,43, abaixo da projeção de R$ 5,50 registrada quatro semanas atrás. Para 2026 e 2027, espera-se que o dólar termine a R$ 5,42 e R$ 5,51, respectivamente.
A apreciação do real pode ajudar a reduzir pressões inflacionárias, especialmente via importações. No entanto, a volatilidade externa e a percepção de risco fiscal continuam sendo variáveis-chave nesse cálculo.
Desaceleração nos preços dos alimentos, mas energia pesa
Segundo dados mais recentes do IBGE, os preços dos alimentos apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo. Em setembro, o recuo foi de 0,35%, com impacto negativo de 0,08 ponto percentual no IPCA. No entanto, o índice avançou 0,48% no mês, puxado principalmente pela alta da energia elétrica.
No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 5,17%, mesmo após a deflação de -0,14% registrada em agosto. A volatilidade dos preços reforça o desafio enfrentado pelo BC para reconduzir a inflação à meta.
Análise
A ligeira revisão para baixo na projeção de inflação pode indicar confiança moderada na eficácia da política monetária, mas não representa, por ora, uma inflexão significativa na trajetória de preços. Com expectativas ainda acima do teto da meta, o Banco Central deve manter seu viés conservador – e os juros, elevados. O mercado, por sua vez, parece resignado com um crescimento econômico limitado nos próximos anos, diante da difícil combinação de inflação resistente, incerteza externa e espaço fiscal apertado.
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