Lula e Trump, a conversa mais esperada e até "improvável" aconteceu
Os dois presidentes dialogaram por videoconferência nesta segunda por 30 minutos
06/10/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, conversaram por videoconferência nesta segunda-feira (6), em uma tentativa de reaquecer as relações bilaterais após um período de tensões comerciais e diplomáticas. A ligação, que durou cerca de 30 minutos, foi descrita pelo governo brasileiro como "amistosa" e "positiva" do ponto de vista econômico, segundo palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A chamada, realizada por iniciativa de Trump, marca a retomada de um canal direto de comunicação entre os líderes das duas maiores economias das Américas. Segundo o Palácio do Planalto, os presidentes trocaram números de telefone pessoalmente, indicando a intenção de manter contato regular.
Durante a conversa, Lula solicitou formalmente a retirada de uma sobretaxa de 50% imposta por Washington sobre determinados produtos brasileiros, em vigor desde 2023. O presidente brasileiro argumentou que o Brasil é um dos poucos membros do G20 com os quais os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços – uma posição que, segundo ele, justificaria uma revisão das barreiras tarifárias.
O ministro Fernando Haddad classificou o diálogo como um “passo construtivo”, indicando que as negociações comerciais podem ganhar novo impulso. Trump, por sua vez, designou o secretário de Estado Marco Rubio para liderar as tratativas junto ao vice-presidente Geraldo Alckmin, ao chanceler Mauro Vieira e ao próprio Haddad.
A repercussão da ligação foi imediata nos mercados financeiros de ambos os países, com analistas avaliando que um eventual alívio tarifário pode beneficiar setores-chave da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria de aço.
Em Washington, a ligação foi recebida com cautela. Agências internacionais como a Reuters e a Associated Press noticiaram a conversa como um sinal de possível reaproximação entre os dois países, embora observadores ressaltem que a política comercial dos Estados Unidos, sob Trump, tem historicamente priorizado medidas protecionistas.
A Casa Branca ainda não divulgou um comunicado oficial sobre o conteúdo da conversa. No entanto, fontes próximas à administração afirmam que a flexibilização de tarifas dependerá de contrapartidas e garantias sobre padrões ambientais e práticas trabalhistas no Brasil – temas que frequentemente tensionaram as relações no passado.
Lula também aproveitou a ocasião para reiterar o convite a Trump para participar da Conferência do Clima da ONU (COP30), a ser realizada em Belém, no Pará, em 2025. Além disso, sugeriu um encontro presencial durante a próxima Cúpula da ASEAN, na Malásia, embora a confirmação dependa da agenda diplomática de ambos os países.
Analistas políticos destacam que a retomada de diálogo direto entre Brasília e Washington pode sinalizar uma mudança no tom das relações hemisféricas, sobretudo após períodos marcados por desconfiança mútua e tensões ideológicas.
No Brasil, o diálogo entre os presidentes caiu como uma bomba sobre as manobras da Família Bolsonaro, com a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro direto dos Estados Unidos, e suas sucessivas intervenções para tentar ampliar as sanções norte-americanas e influenciar as decisões do STF contra ele mesmo e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, já condenado a 27 anos e meses em regime fechado, hoje em prisão domiciliar.
Durante a conversa, segundo interlocutores, Lula e Trump mantiveram-se estritamente na pauta econòmica, ignorando por completo as questões políticas.
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