Chuva e frio prolongados provocam sensação de confinamento entre a população de Guarapuava
Para manter o bem-estar, especialistas recomendam frequentar academias e rotinas saudáveis dentro de casa
13/10/2025
Durante as últimas semanas, os moradores de Guarapuava enfrentam uma sequência quase ininterrupta de dias marcados por baixas temperaturas e chuvas constantes. A alternância entre o frio e a umidade criou um cenário que, embora não seja inédito para a região, tem provocado um impacto crescente na vida cotidiana da população.
É como se o tempo tivesse travado. Quando as pessoas acordam, o dia está cinza. Vai dormir, está chovendo. E no meio disso tudo, a população está cansada, desanimada.
GUARAPUAVA EM IMAGENS
Fotografias produzidas por moradores mostram a "outra Guarapuava", com os contrastes dos períodos de chuva e frio que, em outras regiões iguais ao Terceiro Planalto, são grandes atrativos para o turismo
Foto:Tonico de Oliveira
Foto: Valde Foss Wünsch
Foto: Valde Foss Wünsch
Foto: Sandra Cavalheiro
Foto: Solange Cardozo
Foto: Luiz Roza
Embora Guarapuava seja conhecida por seu clima temperado e invernos rigorosos, a duração e a intensidade desse ciclo têm surpreendido até mesmo os moradores mais antigos.
Segundo dados do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), 29 dos últimos 37 dias registraram precipitação, e as temperaturas médias se mantiveram entre 6ºC e 14ºC – um padrão mais comum em meses de inverno pleno, não em plena primavera. Isto, considerando que o povo do Terceiro Planalto acaba de sair de um inverno dos "brabos".
Um ciclo de reclusão
O clima instável tem alterado hábitos. Atividades ao ar livre foram reduzidas, suspensas ou postergadas, estabelecimentos como cafés e restaurantes relatam queda no movimento, e encontros sociais passaram a ser frequentemente cancelados.
O sentimento é como se estivesse confinado, mesmo sem quarentena.
Essa retração não é apenas comportamental – há também um componente psicológico envolvido.
De acordo com especialistas em saúde mental, períodos prolongados de clima cinzento e chuvoso podem ter efeitos mensuráveis sobre o bem-estar emocional.
O impacto psicológico da falta de luz solar
O transtorno afetivo sazonal (TAS) – uma forma de depressão ligada à mudança nas estações, em especial à diminuição da luz natural – é uma condição reconhecida por psiquiatras e psicólogos. Embora mais comum em regiões de inverno extremo, como partes do hemisfério norte, seus sintomas também podem aparecer em outras áreas durante longos períodos de instabilidade climática.
O corpo humano depende da luz solar para regular o sono, o humor e até o apetite, explicam os psicólogos.
Quando a exposição ao sol é reduzida por dias ou semanas, é comum se observar um aumento de sintomas como fadiga, irritabilidade, desmotivação e isolamento social.
A situação é agravada por outro fator: o efeito indireto do clima na vida social. O frio e a chuva constantes dificultam a organização de eventos, encontros e atividades que normalmente serviriam de alívio para o estresse cotidiano. A consequência é um ciclo de reclusão, cansaço e desânimo.
Como lidar com o clima e seus efeitos
Apesar das dificuldades, há estratégias recomendadas por profissionais de saúde para minimizar os efeitos negativos do clima prolongadamente adverso.
Entre elas:
■ Luz artificial forte pela manhã, que pode ajudar a regular o relógio biológico e simular os efeitos da luz natural;
■ Exercícios físicos em ambientes internos, que estimulam a liberação de endorfinas e melhoram o humor;
■ Rotinas estruturadas e rituais agradáveis, como pausas regulares com bebidas quentes, música estimulante ou hobbies criativos;
■ Planejamento flexível de atividades sociais, mesmo que em ambientes fechados, para manter vínculos ativos.
O ponto mais importante é evitar o isolamento emocional. Mesmo que o clima imponha limites físicos, é preciso manter alguma forma de conexão e estímulo.
Esperando pela virada do tempo
Enquanto isso, os guarapuavanps seguem atentos à previsão do tempo, aguardando uma mudança que parece demorar mais do que o habitual.
Meteorologistas indicam que a condição deve persistir por pelo menos mais alguns dias, com possibilidade de abertura gradual a partir da segunda quinzena de outubro.
Até lá, Guarapuava permanece coberta por nuvens – não apenas no céu, mas também nos hábitos e humores de seus habitantes.
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