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Guarapuava terá escola de ensino fundamental e médio interligada à Unicentro

Projeto será construído dentro do câmpus Cedeteg, parte destinada para tempo integral

06/10/2025

Um experimento discreto, porém potencialmente transformador, começa a tomar forma em Guarapuava. A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e o Núcleo Regional de Educação (NRE) avançam nas tratativas para implantar o Colégio Estadual de Formação Integrada, uma conjungação direta entre o ensino superior, o ensino fundamental e o ensino básico, com o objetivo de estreitar os laços, muitas vezes frágeis, entre as duas esferas. O diferencial é que toda a estrutura educacional da Unicentro, composta por mestres e doutores, em diversas áreas do conhecimento, estarão intimamente ligados ao novo educandário.

O projeto, apoiado pelo governo estadual e supervisionado pelas secretarias de Educação e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), será sediado no câmpus Cedeteg da Unicentro. A escola deverá atender 600 estudantes, divididos igualmente entre o ensino fundamental II, em tempo integral, e o ensino médio. O currículo combinará ensino tradicional com atividades extracurriculares, estágios supervisionados e projetos de extensão universitária.

Câmpus Cedeteg: projeto inovador que une o conhecimento universitário com a aprendizagem em níveis intermediários

Mais do que apenas ampliar o acesso ou melhorar a infraestrutura, a iniciativa representa uma tentativa estratégica de integrar as escolas públicas ao ecossistema acadêmico e logístico da universidade – um modelo que guarda semelhanças com as chamadas “escolas de aplicação” ligadas a faculdades de educação em outros países. O objetivo é duplo: oferecer experiência prática aos futuros professores e, ao mesmo tempo, familiarizar os alunos da educação básica com o ambiente universitário desde cedo.

Para a Unicentro, a escola representa a realização de uma aspiração institucional antiga. “As licenciaturas sempre sonharam em ter uma escola sob gestão compartilhada com a universidade”, afirma o vice-reitor Ademir Fanfa Ribas. “É um projeto ousado e voltado à comunidade, que aproveita toda a estrutura dos nossos câmpus.”

O projeto também sinaliza uma preocupação crescente – e uma oportunidade – em relação à qualidade e à continuidade da educação pública no Brasil, especialmente fora dos grandes centros urbanos.

Ao criar uma ponte física e pedagógica entre a formação universitária e a prática escolar, universidade e governo estadual esperam elevar os padrões em ambas as pontas.

Uma comissão conjunta, com representantes da universidade e do NRE, ficará responsável pelas próximas etapas: finalização do projeto arquitetônico, definição da estrutura curricular e organização da equipe e do modelo de gestão.

Embora ainda em fase inicial, a proposta reflete uma tendência mais ampla: universidades públicas brasileiras, historicamente distantes do sistema de educação básica, começam a buscar formas de intervir mais diretamente – e de maneira construtiva – em seu desenvolvimento.

Se a nova escola se tornará um modelo a ser replicado ou apenas uma experiência isolada dependerá da vontade política, da capacidade administrativa e — talvez o mais importante — de sua eficácia concreta dentro da sala de aula.

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