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Teatro da UTFPR de Guarapuava homenageia primeira engenheira do Brasil, mulher e negra

Enedina Alves Marques estaria hoje com 112 anos

30/05/2025

O maior teatro da Região de Guarapuava, entregue à população de Guarapuava nesta sexta-feira (30), na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), presta homenagem a uma mulher, preta, com perfil da brasileira que nasceu num berço pobre e, em meio a todas as adversidades, conseguiu ser a primeira mulher a se formar engenheira do Brasil, formada pela Universidade Federal do Paraná.

A história de vida, em especial sua dedicação à educação, mereceu por parte do Conselho do Campus da UTFPR a indicação de Enedina Alves Marques (1913–1981) para emprestar seu nome ao teatro do campus da Universidade Federal Tecnológica.

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A escolha denota uma preocupação do Conselho com causas intimamente sociais e políticas.

Nascida em Curitiba, Enedina estaria hoje com 112 anos. Sua trajetória é marcada por superação, pioneirismo e resistência em um contexto social e profissional predominantemente masculino e elitista.

Formação e carreira de Enedina Alves Marques

Enedina ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná em 1940, enfrentando discriminação por parte de colegas e professores. Para custear seus estudos, ela residiu com uma família em troca de serviços domésticos. Formou-se em Engenharia Civil em 1945, aos 32 anos, destacando-se em uma turma composta majoritariamente por homens brancos. Sua formatura ocorreu no Palácio Avenida, em Curitiba.

Após a graduação, Enedina trabalhou na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas do Paraná e, posteriormente, no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Ela desempenhou papel fundamental no desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná, destacando-se na construção da Usina Capivari-Cachoeira, uma das maiores centrais hidrelétricas subterrâneas do sul do Brasil.

Reconhecimento e legado

Enedina aposentou-se em 1962, recebendo reconhecimento por seus serviços prestados ao estado. Após sua morte, em 1981, diversos tributos foram realizados em sua homenagem. Em 1988, uma rua no bairro Cajuru, em Curitiba, recebeu seu nome, e ela foi incluída no Memorial à Mulher Pioneira da cidade. Além disso, em 2006, foi registrada no Livro do Mérito do Sistema Confea/Crea, que reconhece profissionais que prestaram relevantes serviços à sociedade.

Sua história inspira até hoje mulheres negras e jovens em busca de carreiras em áreas técnicas e científicas, representando um símbolo de resistência e conquista em um cenário historicamente marcado por desigualdades.

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