Paraná dorme enquanto 2026 se desenha nos bastidores
26/05/2025
A mais recente pesquisa sobre intenção de votos no Paraná é um nítido retrato de um Brasil que discute pouco político – e, quando o faz, é embebido pelas "fake news" e dogmatismo –, mostrando o desinteresse do eleitor estadual para as eleições, ainda que o assunto influencie nossas vidas nos mais amplos sentidos. Faltam quase 20 meses para as eleições de outubro de 2026, estão em jogo a eleição para governador e duas vagas ao Senado (sem contar os deputados e presidente da República), mas as questões pertinentes ao Estado do Paraná inexistem no calendário da grande maioria dos paranaenses. Talvez não estejamos diante de simples desatenção, mas de uma desconexão mais profunda – com a política, com os nomes em disputa e, principalmente, com o tipo de futuro que se espera construir.
Mais detalhes sobre o levantamento da pesquisa, leia AQUI.
ACORDA PARANÁ
O último levantamento do Instituto Paraná Pesquisa é como um grito silencioso: mais de 75% dos eleitores ainda não sabem em quem votar para governador. Para o Senado, o número sobe para assustadores 86%. Em outras palavras: o jogo está em aberto — mas só nos bastidores.
OS MESMOS, SEMPRE
Enquanto isso, os nomes que aparecem melhor nas sondagens são justamente aqueles que o eleitor já conhece. Sergio Moro, com toda a bagagem (e contradições) da Lava Jato, lidera com folga todos os cenários testados. Beto Richa — cuja gestão foi marcada por escândalos e desgaste — aparece com desempenho relevante. E Requião Filho, que carrega o sobrenome de um dos políticos mais longevos do estado, também figura entre os mais citados.
PERGUNTAS NO AR
Esse apego ao que já é conhecido não surpreende. É quase automático: em tempos de incerteza ou desinteresse, o eleitor procura abrigo na familiaridade. Mas a pergunta que precisa ser feita é: familiar a quê? Ao modelo de gestão que já é conhecido? À política marcada por personalismos? À polarização desgastada?
LASTRO NO INTERIOR
Curioso é perceber que figuras com potencial técnico e trajetória mais recente, como Guto Silva (PSD) ou Ênio Verri (PT), praticamente não conseguem sair da margem. Mesmo nomes como Alexandre Curi, que lidera a Assembleia Legislativa, ou o ex-prefeito Rafael Greca (Curitiba), que consolidou sua imagem como gestor municipal, ainda enfrentam dificuldade em transformar reconhecimento em competitividade estadual.
E RATINHO JUNIOR?
Já Ratinho Junior – aprovado por 80% dos paranaenses, diz a "lenda" – parece viver um paradoxo político. É o maior capital eleitoral do estado, mas sua ausência da disputa direta pelo governo ou pelo Senado (ainda não decidida) torna o cenário um jogo de xadrez em que o rei ainda não sabe se vai para o tabuleiro ou apenas influenciar os peões. Quando seu nome aparece testado para o Senado, a diferença é quase humilhante: Ratinho salta a 62,3% das intenções de voto. Contra isso, não há "recall" que resolva. É um sinal claro de que o eleitor pode até não saber o que quer, mas sabe reconhecer quem entregou. E "entrega" nesse sentido, significa a percepção provocada pelo marketing político pesado, em todas as frentes de comunicação, a todos os níveis do eleitorado. O conceito criado para Ratinho Junior foi totalmente pensado nisso, sem descanso, sem trégua.
APATIA PERIGOSA
A apatia do paranaense frente ao processo político não é nova, mas é perigosa. Porque quem não escolhe, é escolhido. E o risco é acordarmos em 2026 com uma repetição de nomes e dinâmicas que, no fundo, colocando-se novamente como as "transformações" silenciosas que o estado vive – especialmente fora da capital, onde a política se desenha mais no cotidiano do que nas redes sociais. A propaganda eleitoral ditará antigos nomes falando de "renovação".
NOSSA CULTURA POLÍTICA
O Paraná é um estado com vocação para o pragmatismo – e talvez aí esteja a explicação para tanta indecisão. O paranaense quer resultados, quer segurança, quer previsibilidade. Mas, em um país onde o futuro é tradicionalmente mais incerto, a pergunta inevitável é: será que a velha guarda ainda tem as respostas? Enquanto isso, o silêncio do eleitor é o maior espaço político em disputa. E ele pode ser ocupado por qualquer um — inclusive pelos mesmos de sempre.
HÁ CONTROVÉRSIAS
E Guarapuava, para que lado vai?
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