Furtos, roubos e tráfico de drogas: os números preocupantes da segurança pública em Guarapuava

Dados divulgados pelo 16º Batalhão da Polícia Militar revelam um salto expressivo nos índices de criminalidade em Guarapuava no terceiro trimestre de 2025: os furtos cresceram 65,22%, passando de 299 para 494 casos em relação ao mesmo período do ano anterior; os roubos aumentaram 56,67%, totalizando 47 ocorrências. Também houve alta nos crimes ligados a drogas – com crescimento de 133% nos registros de tráfico e 225% nos de porte para uso pessoal – e 487 denúncias de violência doméstica. Em contraste, as mortes violentas caíram de 14 para 4 casos, uma redução de mais de 70%.

Em meio a esse cenário, uma reunião procurou traçar o perfil desses crimes, com a participação de empresários, Polícia Militar, Polícia Civil, Gaeco, Ministério Público, Polícia Rodoviária Federal, além de vereadores, secretários municipais e empresários do setor comercial. O objetivo foi traçar ações conjuntas de combate à criminalidade, que tem impactado diretamente a segurança pública e o desempenho econômico da cidade.

Para a promotora de Justiça Dúnia Serpa Rampazzo, a atual onda de furtos e roubos precisa ser entendida como um fenômeno que ultrapassa os limites da repressão policial. “Esses crimes afetam a economia local, comprometem a sensação de segurança e desestimulam o empreendedorismo”, afirmou. Ela defendeu uma atuação articulada entre instituições públicas, iniciativa privada e a comunidade.

Entre as propostas debatidas estão o reforço na instalação de câmeras de monitoramento, melhoria da iluminação pública, capacitação de funcionários para situações de risco e a criação de uma rede de comerciantes vigilantes, com comunicação direta com as forças policiais, inclusive por meio de grupos de WhatsApp e atuação conjunta com o Conselho Municipal de Segurança.

Os dados da Polícia Civil também chamaram atenção: até setembro deste ano, foram registrados 2.072 boletins de ocorrência por estelionato e golpes – a maioria, fraudes virtuais e crimes financeiros. Do total, 766 casos seguem sob investigação e 75 resultaram em medidas cautelares. O crime de estelionato, segundo os investigadores, é hoje um dos mais recorrentes e de maior impacto econômico na cidade.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apresentou, por sua vez, um panorama das operações em curso no combate ao crime organizado e reiterou a importância da colaboração entre os setores público e privado para enfraquecer as estruturas que sustentam essas práticas.

A reunião foi encerrada com o compromisso de ampliar a cooperação entre as partes envolvidas. Os empresários se sentem como um dos setores mais lesados pela ação dos criminosos,conforme assinalou a presidente da Associação Comercial, Maria Inês Guiné.

Mas a grande maioria dos crimes, segundo apontam os boletins de ocorrência, está na periferia da cidade. Os casos de furtos e roubos atingem cidadãos humildes, numa sequência de casos diários, onde a falta de um botijão de gás já é muito. Preocupa, também, o fato de que bandidos usarem armas de fogo para praticar até o roubo de bicicleta e celular, como aconteceu nesta segunda-feira, no bairro Morro Alto. Na Vila Bela, um pequeno "food-truck" teve até os fios de energia elétrica, com cobre, furtados. 

No setor de narcóticos, a situação é mais pesada. Pelo menos três grandes operações, envolvendo expressivo contingente de policiais, foram verificadas em Guarapuava neste ano, com dezenas de prisões. O número de ações, uma próxima da outra, e de narcotraficantes presentes na cidade, assustou a população. 

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