Segurança > TRÂNSITO

Trânsito de Guarapuava torna-se um desafio, que é de todos

População precisa refletir, para convivência harmoniosa e uma cidade estruturada

11/08/2025
Acidente na esquina das ruas Azevedo Portugal e Capitão Virmond, Centro de Guarapuava. Mais um para as estatísticas que aumentam vertiginosamenteAcidente na esquina das ruas Azevedo Portugal e Capitão Virmond, Centro de Guarapuava. Mais um para as estatísticas que aumentam vertiginosamente

O crescimento de acidentes em Guarapuava, registrados em áreas centrais, bairros e nas imediações de rodovias, revela a combinação de aumento no fluxo de veículos, infraestrutura saturada e falta de conscientização de motoristas. A realidade aponta a necessidade de campanhas educativas permanentes e a revisão de trechos críticos para dar segurança a motoristas e pedestres, sem prejudicar a fluidez do trânsito.

É um grande desafio para uma cidade como Guarapuava, que tem 206 anos a contar da sua fundação como urbe – e desde a Carta Régia instituída pelo Padre Feancisco das Chagas Lima, naquele remoto ano de 1819, pouco ou quase nada mudou em planejamento e desenvolvimento urbano.

No último sábado (9), quatro ocorrências reforçaram esse cenário. No Centro, uma pedestre foi atropelada fora da faixa na Rua Marechal Floriano Peixoto. No bairro Cidade dos Lagos, um motorista perdeu o controle de um Fiat/Siena, bateu em um poste e fugiu.

No dos Estados, a colisão lateral entre um carro e uma moto deixou o motociclista ferido. No distrito de Palmeirinha, um condutor foi preso após o bafômetro indicar 0,86 mg/l de álcool, depois de cair com o veículo em uma valeta.

Uma semana antes, O médico Antônio França Araújo foi atropelado com sua motocicleta  (foto acima) por uma motorista que furou a preferencial, na área central. O médico teve graves ferimentos na cabeça e no tórax, e encontra-se em recuperação em hospital, em Curitiba.

Em maio deste ano, o Portal Paraná Central publicou em manchete uma  reportagem sobre a tendência no aumento de acidentes, baseando-se em estatísticas que já alertavam para essa situação. 

O aumento no número de motoboys também é uma preocupação  em Guarapuava. Alternativa de renda para centenas de profissionais, a atividade é um risco diário tanto para os motociclistas como para os motoristas de veículos, numa disputa diária num trânsito com ruas estreitas e poucas avenidas perimetrais. 

Pontos próximos às BR-277, PR-466 e PR-170 concentram perigo adicional: o tráfego urbano se mistura ao fluxo de caminhões, criando gargalos e zonas de conflito permanente. 

Além disso, muitos bairros cresceram, sem a previsão de um ordenamento urbano.

Para um comparativo sobre atualização estrutural do tráfego na cidade, observe-se que a última mudança significativa aconteceu por volta de 1990, há três décadas e meia, na primeira gestão do ex-prefeito Fernando Ribas Carli. Foi lá que a administração municipal criou o sistema binário nas ruas centrais (uma vai, outra volta).

A Carta Régia trazida pela Real Expedição Colonizadora em 1810 foi o primeiro Plano Diretor de Guarapuava e, certamente, o mais completo até os dias atuais. A urbe em criação era uma cópia das cidades portuguesas, estabelecida a partir de seu marco zero (hoje a Praça 9 de Dezembro).

CRESCIMENTO DESORDENADO

A cidade se expandiu sem respeitar essa tendência (uma cidade colonial, centenária) e acabou agredindo até o seu contexto histórico arquitetônico 

A mais recente modificação, que deveria ter acontecido no ano passado, revelou-se totalmente frustrante – com a tentativa de reconstrução do Calçadão da XV, até hoje incompleto. 

A prefeitura e os órgãos de segurança discutem ações para conter o avanço dos sinistros. A pressão sobre esses setores públicos é compreensível, pois a eles cabe a gestão do trânsito. De outro lado, é preciso entender que a atual administração está há 8 meses na prefeitura, com a herança de antigos e fundados problemas. 

Considerando-se que a educação é fator comportamental, que exige valores individuais e coletivos, campanhas de conscientização exigem esforços comunitários de todos que possam alcançar massa populacional. Dos órgãos de comunicação a entidades e igrejas. É um princípio de bem-comum e convivência civilizatória.

Ainda que os problemas não sejam de agora, a questão é que as ocorrências diárias tornam-se desafiadoras e exigem urgência com planejamento global.

Últimas Notícias

DOE SANGUE