Medicina da Unicentro entra em nova fase com avaliação do CFM após superar impasse estrutural no internato
Curso passa pelo crivo do Conselho Federal de Medicina e busca acreditação nacional
29/06/2025
O curso de medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) vive um momento importante de consolidação. Depois de enfrentar um impasse estrutural com a ausência de campos adequados de estágio para alunos do internato – etapa prática obrigatória nos dois últimos anos da graduação –, a instituição agora passa pelo crivo do Conselho Federal de Medicina (CFM), que esteve em Guarapuava nos dias 24 e 25 para avaliar o curso dentro do processo de acreditação do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme), reconhecido internacionalmente.
A visita técnica acontece meses após a superação de uma das maiores dificuldades já enfrentadas pela graduação: a falta de uma estrutura hospitalar formalmente integrada ao curso. O cenário começou a mudar com a articulação da reitoria da universidade junto à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) do Paraná, que resultou na criação de um bloco acadêmico ("hospital-escola") anexo ao Hospital Regional de Guarapuava, na Cidade dos Lagos. A nova unidade passou a abrigar os estagiários do quinto ano, garantindo a continuidade da formação prática exigida pelas diretrizes nacionais da educação médica.

O avanço, no entanto, foi fruto de um processo coletivo que envolveu intensamente os estudantes. Diante da ausência de campos de internato, os próprios alunos organizaram um movimento que mobilizou a comunidade, atraiu atenção da imprensa e pressionou por soluções. A ação não apenas deu visibilidade ao problema, como também acelerou o diálogo entre universidade e governo estadual.
Desde sua criação, em 2018, o curso de medicina da Unicentro foi pensado de um lado para fortalecer a instituição de ensino superior, estrutura basilar para o desenvolvimento da Região Central do Paraná, e para atender à demanda por médicos no interior do estado.
Como em muitos projetos de interiorização do ensino superior, o desafio esteve na consolidação da infraestrutura prática. Nos primeiros anos, a formação dos estudantes ocorreu com foco em disciplinas teóricas e quando os primeiros graduandos chegaram ao quinto ano, muitos tiveram que ir atrás de estágios em outras cidades. Guarapuava não tinha se preparado para esse momento.
A virada institucional se deu quando a universidade conseguiu viabilizar, com apoio da Seti e da Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, um espaço específico para o internato dentro da área do Hospital Regional. A nova unidade hospitalar-escola passou a concentrar atividades práticas em áreas essenciais para o exercício profissional.
Avaliação criteriosa
A visita do Conselho Federal de Medicina, por meio do Saeme, marca o início de uma avaliação detalhada que poderá resultar na acreditação do curso. O processo analisa mais de 80 critérios, incluindo estrutura física, projeto pedagógico, qualificação do corpo docente, inserção no SUS e metodologia de ensino. O selo do Saeme é o único no Brasil com reconhecimento internacional e permite que os futuros médicos prestem exames para atuar em países como os Estados Unidos.
Segundo Marynéa Vale, pediatra neonatologista e avaliadora do Saeme, o processo é abrangente: “A equipe é composta por professores e estudantes. Nosso papel é olhar para a escola como um todo: sua governança, infraestrutura, vínculos com o serviço público de saúde e o ambiente de ensino-aprendizagem.”
Compromisso com a excelência
O curso chega a esse momento com ganhos palpáveis. A estrutura hospitalar garante não apenas a continuidade da formação, mas também qualifica os serviços de saúde da região. A mobilização dos estudantes foi essencial para a solução do impasse, e o envolvimento da comunidade acadêmica mostra uma universidade mais integrada e comprometida com a excelência. O processo histórico demonstra que estas ações são fundamentais para o amadurecimento de uma instituição de ensino superior, com vigorosos tentáculos no engajamento social.
Para o vice-reitor, a avaliação do CFM é um marco que simboliza a evolução institucional. “Estamos preparados para receber o diagnóstico e seguir aprimorando o que já fazemos. Esse curso é motivo de orgulho regional e, agora, tem estrutura para ser também uma referência nacional", diz ele.
O resultado da visita do Saeme será divulgado nos próximos meses, mas, independentemente do parecer, a nova fase da Medicina da Unicentro já representa um passo importante: um curso mais estruturado, conectado com sua missão social e capaz de enfrentar desafios com articulação e maturidade.
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