Grupo EPR vence leilão do Lote 4 de rodovias do Paraná com desconto de 21,3%

O Lote 4 das concessões rodoviárias do Estado (Norte, Noroeste e Oestado do Paraná) foi arrematado nesta quinta-feira (23) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) pelo Consórcio Infraestrutura PR, do Grupo EPR, que ofereceu o maior desconto do certame: 21,3% abaixo da tarifa básica de pedágio, fixada em R$ 0,1678 por quilômetro. O grupo, que já administra outros dois lotes da malha estadual, ampliará significativamente sua presença com o novo contrato – um dos mais estratégicos da rede rodoviária paranaense.

Como o deságio superou o limite de 18%, o edital prevê um aporte adicional de R$ 358 milhões, a ser utilizado em futuros investimentos, consolidando o compromisso financeiro do consórcio com o Estado. Ao longo dos 30 anos de concessão, a empresa tem o compromisso de investir R$ 18 bilhões em obras de duplicação, melhorias e manutenção dos 627 quilômetros que cruzam o Norte, Noroeste e Oeste – regiões vitais para o escoamento da produção agrícola e industrial. A expectativa oficial é de 157 mil empregos diretos e indiretos gerados.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior classificou o resultado como uma “prova do sucesso do modelo paranaense de concessões”, destacando que as tarifas mais baixas representam uma ruptura com o passado. “O pedágio foi, por muito tempo, uma chaga aberta no Paraná”, afirmou. “Hoje temos um modelo eficiente, com obras visíveis e investimento privado real.” Segundo ele, os dois primeiros lotes leiloados já somam R$ 2 bilhões em obras em andamento, e o conjunto dos seis lotes deve alcançar R$ 60 bilhões em investimentos até 2032.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, descreveu o programa como referência para o país. O novo modelo, desenvolvido em parceria entre o Governo do Estado, a ANTT e o BNDES, prevê mais de 3,3 mil quilômetros concedidos em condições consideradas mais equilibradas entre risco e retorno. “O Paraná está inaugurando uma nova etapa da infraestrutura nacional”, disse o ministro. “Outros estados estão replicando esse formato, que combina investimentos públicos e privados em escala inédita.”

Com o leilão desta quinta-feira, o Estado chega ao penúltimo lote de um pacote de seis. O último, o Lote 5, será ofertado em 30 de outubro, fechando um ciclo estimado em R$ 96 bilhões em investimentos – mais de dez vezes o volume aplicado nas concessões originais dos anos 1990.

Para o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, o resultado reafirma a credibilidade regulatória e financeira do Paraná. “O investidor sabe que o Estado oferece um ambiente seguro e previsível. O modelo paranaense se tornou exemplo para o Brasil”, afirmou.

Economistas observam que a combinação de tarifas menores, metas rígidas e forte concorrência pode redefinir o padrão de concessões no país. O desafio, porém, será manter o ritmo de execução em meio ao aumento dos custos de construção e à pressão fiscal sobre os entes públicos. Por ora, o Estado colhe os frutos de uma política que alia disciplina fiscal e abertura ao investimento privado — uma fórmula que, ao menos no curto prazo, tem agradado tanto o mercado quanto os motoristas.

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