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Codapar de Guarapuava está na lista de privatização do Estado

Proposta em discussão na Assembleia também atinge mais dois armazéns locais

14/10/2025
Em Guarapuava, unidade da Codapar fica no bairro Boqueirão, em área logística servida por ferrovia e rodoviaEm Guarapuava, unidade da Codapar fica no bairro Boqueirão, em área logística servida por ferrovia e rodovia

O governo do Paraná apresentou nesta segunda-feira (13) à Assembleia Legislativa projeto de lei que autoriza a concessão onerosa de sete unidades armazenadoras de grãos pertencentes ao Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná). Distribuídas entre seis municípios – com Guarapuava concentrando três das estruturas –, essas unidades representam um elo estratégico entre pequenos produtores, cooperativas, indústrias e o sistema logístico voltado à exportação.

A proposta sinaliza uma mudança na política de gestão da infraestrutura agrícola estadual. Em vez de manter sob controle público estruturas que exigem "altos custos de manutenção e modernização", o Estado busca transferi-las à iniciativa privada mediante licitação.

O objetivo declarado é garantir a continuidade de serviços essenciais de armazenagem e comercialização agrícola, ao mesmo tempo em que se viabiliza a revitalização desses ativos por meio do investimento privado.

As unidades estão localizadas em Araucária, Assaí, Cianorte, Guarapuava (com três armazéns), Palmas e Santo Antônio do Sudoeste. Elas operam como centros intermediários de estocagem de grãos como soja, milho e trigo – funcionando como retaguarda para cooperativas, especialmente nos períodos de safra, quando a demanda por espaço de armazenagem excede a capacidade instalada.

Na prática, os armazéns, ao menos em Guarapuava, já estão nas mãos da iniciativa privada, utilizados para estocagem de grãos.  

Embora sua gestão esteja atualmente vinculada ao IDR-Paraná, as estruturas têm origem em órgãos que foram fundidos em 2019, como o Iapar, a Emater, o CPRA e a Codapar. O projeto de concessão representa, nesse contexto, mais um passo na racionalização da máquina pública agropecuária do estado.

As unidades são particularmente relevantes para a política de segurança alimentar e para a regulação de estoques públicos. Além de permitir o escoamento ordenado da produção, elas garantem a operacionalização de instrumentos como os preços mínimos, assegurando condições mínimas de mercado para pequenos produtores. O Estado do Paraná, segundo o IBGE, figura entre os líderes nacionais em segurança alimentar e produção agroindustrial – e essas estruturas têm papel silencioso, porém crucial, nesse desempenho.

No entanto, os armazéns demandam reestruturações técnicas e operacionais significativas para alcançar padrões competitivos. O governo estima que a concessão poderá acelerar a modernização, sem comprometer a função pública dos espaços. As empresas concessionárias serão selecionadas por licitação, com contratos que preveem uso exclusivo para fins compatíveis com o agronegócio – e cláusulas de rescisão em caso de desvio de finalidade.

Os recursos obtidos com as concessões deverão ser reinvestidos no próprio sistema: em pesquisa, extensão rural e programas de desenvolvimento coordenados pelo IDR-Paraná. A medida também busca reposicionar o Estado como indutor da produção agrícola – não mais como operador direto da armazenagem, mas como regulador e promotor de um ambiente de negócios mais eficiente e sustentável.

Se aprovada, a lei poderá transformar os armazéns em polos logísticos mais bem conectados às necessidades do campo. E, com Guarapuava no centro dessa transição, a cidade se projeta como peça-chave na nova arquitetura de infraestrutura rural do Paraná.

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