Reconstrução do Aeroporto Municipal está orçada em R$ 120 milhões
Projeto foi apresentado por entidades ao Município; recursos serão prospectados junto ao governo do Estado
19/11/2025
Seis anos depois de ser reinagurado, o Aeroporto Tancredo Thomas de Faria ganha um novo projeto, elaborado por entidades empresariais e entregue nesta quarta-feira (19) ao prefeito Deonilson Baitala. As obras, estimadas em R$ 120 milhões, preveem a ampliação da pista, para operar com aviões para no mínimo 180 passageiros – mais que o dobro do anterior –, assim como do pátio de manobras e do terminal de passageiros. Os recursos esperados serão prospectados junto aos cofres do governo do Estado, já que o valor representa quase 14% de todo o Orçamento Municipal de Guarapuava de 2026 e foge das condições financeiras da Prefeitura. De início, cogitava-se que as obras chegariam entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões.
O novo projeto é uma tentativa das entidades e do prefeito Denilson Baitala de resgatar a conexão aérea com grandes centros urbanos, principalmente São Paulo. A antiga linha, explorada com exclusividade pela empresa Azul, parou em setembro último. Por 5 anos, a Azul voou de Guarapuava para São Paulo com um turboelice ATR-72, com capacidade para 70 passageiros. No último ano, a linha foi encurtada até Curitiba, e,ao final, foi totalmente cancelada.
Além de alegar dificuldades financeiras, a Azul saiu apontando falhas no Aeroporto, principalmente na limitação da pista que, no modelo atual, não comporta mais que um ATR-72.
Mais do que dificuldades técnicas, como o tamanho do sítio aeroportuário, há sérias implicações de ordem econômica: uma companhia aérea só irá atuar em Guarapuava se tiver regularidade e número de passageiros que viabilizem a linha economicamente. E não é pouco.
REPORTAGEM RELACIONADA
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Entidades encabeçadas pela Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) apostam que, primeiro, é preciso reconstruir o Aeroporto Municipal, adequando às exigências do mercado, para em seguida anunciar às companhias aéreas que o município está pronto para recebê-las.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico inspirou-se no modelo de Cascavel, enquanto os empresários se reuniram financeiramente para bancar o projeto.
O novo projeto tem três objetivos centrais:
- ampliar a capacidade operacional do aeroporto;
- adequar a infraestrutura a padrões atuais de segurança e eficiência;
- tornar Guarapuava capaz de receber aeronaves de maior porte, potencializando novas rotas e conexões aéreas.
O prefeito Denilson Baitala destacou que o envolvimento das entidades empresariais foi determinante para a rapidez da elaboração do projeto. Organizações como ACIG, FIEP, Sindicato Rural, SINDUSMADEIRA, CDL, SINDIREPA, SINDIMETAL e empresas do setor privado financiaram diretamente os estudos técnicos, reduzindo o tempo de execução para apenas quatro meses – considerado recorde pela administração municipal.
“Em parceria com as entidades e a sociedade civil, avançamos muito. Os projetos de pista e infraestrutura estão concluídos e prontos para serem protocolados no Estado. Agora buscamos também recursos federais para concluir o aeroporto”, afirmou Baitala.
Pátio ampliado permitirá operação de Boeing 737 MAX
Entre os resultados apresentados, a ampliação do pátio de aeronaves é um dos mais significativos. A área passará a comportar seis aeronaves Boeing 737 MAX, com capacidade para 184 passageiros.
Essa readequação, afirmam as entidades, coloca Guarapuava em um novo patamar de competitividade regional, viabilizando o pernoite de aeronaves e ampliando o interesse de novas companhias aéreas.
Pista terá extensão e largura compatíveis com operações plenas
O vice-presidente de Operações da Orion Aeroportos, comandante Hammer Schimidt, responsável pela elaboração do novo projeto, detalhou as modificações previstas na pista de pouso e decolagem.
Segundo ele, o comprimento operacional será ampliado para 1.800 metros, com largura estendida de 30 para 45 metros.
A readequação atende normas da aviação civil e permite que o Boeing 737 MAX opere “sem restrição”, inclusive em cenários de pista molhada, vento lateral ou com capacidade máxima de passageiros e carga.
“Essas ampliações são fundamentais para acomodar uma aeronave desse porte e mudar a escala da operação aérea em Guarapuava”, explicou Schimidt.
Segurança reforçada com RESA, LED e novas cercas
O pacote de modernização inclui ainda:
- implantação da RESA (área de segurança no fim da pista),
- instalação de balizamento com luzes LED em toda a extensão,
- reforço das cercas operacionais, agora com visibilidade adequada para inspeção.
As medidas têm como objetivo elevar o padrão de segurança e permitir operações noturnas com maior estabilidade.
O projeto arquitetônico do novo terminal de passageiros terá 4.185 m² e 12 balcões de check-in, sendo planejado para atender até três companhias aéreas simultaneamente. Duas salas de embarque, áreas técnicas e espaços de apoio completam a estrutura prevista.
Município entra na fase burocrática para financiamento
Com os projetos de pista, pátio e terminal concluídos, o município se prepara para protocolar a proposta junto ao governo estadual. Alguns documentos complementares ainda serão anexados ao processo.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Julio Agner, a meta é realizar a licitação até abril do próximo ano. “Esse aeroporto trará condições de operação por muitos anos. Agora corremos contra o tempo para garantir o financiamento e dar início à obra”, afirmou.
Impacto regional e expectativa do setor empresarial
Para a presidente da ACIG, Marinês Guiné, o avanço do projeto marca um ponto de virada no desenvolvimento regional. “Amanheci feliz porque sei que este passo representa mais desenvolvimento. Estamos conduzindo tudo com responsabilidade e começamos a escrever um novo capítulo para a cidade”, disse.
A modernização do Aeroporto Tancredo Thomas de Faria é vista como um "vetor de expansão econômica", capaz de ampliar conexões aéreas, fortalecer cadeias produtivas locais e integrar Guarapuava a novos mercados nacionais.
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