Júri de Rodrigo "Vermeio" deve se prolongar por 2 dias
Num dos casos mais controversos do ano, motorista é julgado pelo crime de casal de seguranças
04/11/2025
O Fórum Desembargador Guarita Cartaxo, em Guarapuava, será palco, a partir das 9h desta terça-feira (4), de um dos julgamentos mais aguardados do ano no interior do Paraná. Rodrigo Neumann Pires, conhecido como Vermeio ou Parça 10, senta-se no banco dos réus acusado de duplo homicídio qualificado – crime que chocou a cidade e levantou discussões sobre os limites entre reação e execução.
Em 23 de março de 2024, câmeras de segurança registraram a sequência que terminou em tragédia. O motorista foi agredido dentro do banheiro de uma conveniência por Vanderlei Antônio de Lima, segurança do local, após ser acusado de usar drogas. Enquanto Vanderlei desferia socos e chutes, Edineia Capote de Oliveira Gonçalves, companheira e colega de trabalho, observava sem intervir.
Cerca de uma hora depois, Vermeio retornou armado com um revólver calibre .38. Ao reencontrar o casal, abriu fogo. Edineia caiu primeiro, atingida no peito; Vanderlei foi morto logo em seguida. O casal, que deixou quatro filhos, era conhecido entre vigilantes da cidade.
Um crime, várias interpretações
Desde então, o caso passou a dividir a população guarapuavana. Nas redes sociais, muitos defendem que o réu agiu sob forte emoção, após ser humilhado. Outros veem na sua atitude um ato de vingança fria e premeditada.
No dia do sepultamento das vítimas, colegas de profissão organizaram um ato silencioso no cemitério municipal, pedindo mais proteção e treinamento para quem atua na segurança privada – uma categoria marcada por baixos salários e exposição constante a situações de risco.
O júri, presidido pelo juiz Márcio Trindade Dantas, deve durar até dois dias. Serão ouvidas dez testemunhas, entre defesa e acusação.
A Promotoria, representada por Dunia Serpa Ranpazo e Pedro Dantas, com o apoio do advogado Jean Campos, sustenta que o crime teve motivo fútil, foi cometido sem chance de defesa das vítimas e colocou em risco outras pessoas no local — circunstâncias que podem elevar a pena para até 40 anos de prisão.
A defesa, composta pelos advogados Felipe Bhals, Eliziane Marcondes Soares e Miguel Nicolau Junior, tenta afastar as qualificadoras e reclassificar o crime como homicídio simples, cuja pena máxima é de 20 anos.
Além do tribunal
Independentemente da decisão do Conselho de Sentença, o caso Vermeio escancarou uma ferida antiga: o crescimento da cultura da violência e a crença, cada vez mais presente, de que a justiça pode ser feita pelas próprias mãos.
Guarapuava, como muitas cidades do interior paranaense, vive hoje o dilema entre o endurecimento das relações sociais e a fragilidade das instituições. No centro desse debate, um julgamento que vai muito além do destino de um réu — e que expõe, mais uma vez, o preço da violência cotidiana.
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