Famílias sepultam dois mortos no confronto com a PM na Vila Concórdia; o terceiro espera identificação
Secretaria da Segurança avalia Operação Concórdia como “sucesso total”
05/11/2025
Com 300 agentes e um grande aparato policial, forças de segurança fizeram esforço concentrado dentro da Vila Concórdia, bairro ligado à área central da cidade e que, desde a ação, passou a ser definido como "Cracolândia de Guarapuava"Dos três homens que morreram nesta terça-feira (4) durante a Operação Concórdia, dois foram identificados e sepultados pelas famílias nesta quarta-feira: Weslen de Oliveira de Lara, 21, e Walter Edvach Rodrigues, 26. O terceiro ainda não teve o nome divulgado.
As mortes resultaram da operação que mobilizou cerca de 300 policiais, de várias delegacias da Polícia Civil e quartéis da Polícia Militar da região, dois helicópteros e cães farejadores, para cumprir 45 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento em furtos, tráfico de drogas e receptação.
Policiais durante a fase preparatória da Operação Concórdia (no alto) e já dentro da Vila Concórdia (acima)
Segundo a Polícia Militar, os mortos reagiram à abordagem policial e foram baleados em confronto De acordo com o 16º Batalhão da PM, o primeiro tiroteio ocorreu quando policiais entraram na casa de Weslen, que teria sacado uma arma escondida em um guarda-roupas. Ele foi atingido e morreu no local.
Na sequência, em outra residência no prolongamento da rua XV de Novembro, também na Vila Concórdia, dois suspeitos armados também teriam resistido à prisão e atirado contra as equipes. Ambos foram mortos.
A polícia informou que apreendeu um revólver, uma pistola, drogas, balanças de precisão e dinheiro, além de diversos produtos furtados – eletrodomésticos, instrumentos musicais, ferramentas e rolos de arame.
Imagens divulgadas pela PM mostram o uso de helicópteros no sobrevoo da região e de cães farejadores em buscas dentro de casas e terrenos baldios. Nenhum policial ficou ferido.
Mandados e suspeitos monitorados
Dos 45 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça, 17 eram contra pessoas em liberdade condicional, monitoradas por tornozeleiras eletrônicas. De acordo com a Polícia Penal, esses suspeitos foram rastreados antes e durante a operação.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP-PR) afirmou, em nota, que a Operação Concórdia é parte de um esforço conjunto para conter o aumento de furtos e roubos na cidade e “enfrentar o crime organizado”.
Até o momento, porém, não há confirmação de vínculos entre os suspeitos mortos ou presos e facções criminosas conhecidas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) ou o PV (Primeiro da Vitória).
Considerando “crime organizado”, não foi apontado quem são as lideranças desses agrupamentos, se estão entre os mortos, presos ou continuam em liberdade.
Reação da comunidade
Durante toda a manhã, o bairro permaneceu tomado por viaturas e bloqueios policiais. O clima era de tensão. Moradores relataram susto com a movimentação intensa de viaturas e o som das aeronaves.
“Parecia filme de guerra”, disse uma moradora, que pediu para não ser identificada. “As crianças choravam com o barulho dos helicópteros e dos cachorros. Ninguém sabia o que estava acontecendo.” A expectativa é de que o bairro – definido entre setores judiciais como a "Cracolândia de Guarapuava" – passe a ter uma nova realidade a partir de agora.
Velórios e investigações
Os corpos de Weslen de Oliveira de Lara e Walter Edvach Rodrigues foram liberados para as famílias. O primeiro foi velado na Capela Municipal do Batel e sepultado no Cemitério Continental; o segundo, na Capela Santa Cruz e o local de sepultamento não foi informado.
O terceiro corpo segue no IML, aguardando identificação.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as circunstâncias dos confrontos. A Corregedoria da PM também deve analisar os autos da operação, procedimento padrão em casos com resultado letal.
O secretário estadual da Segurança Público, Hudson Leôncio Teixeira, considerou a operação como “sucesso total”. Ele estará nesta sexta-feira (7) na Câmara Municipal de Guarapuava para apresentar um balanço da Missão Paraná, programa coordenada por sua Secretaria com a finalidade de “promover segurança entre a população”. O programa está em desenvolvimento em municípios das regiões Central e Campos Gerais, incluindo a Operação Concórdia realizada em Guarapuava.
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