Domingo com sol pela manhã e tempestades à tarde e noite, em Guarapuava
Meteorologia coloca população em estado de alerta em toda a região
21/09/2025
As flores da primavera mal começaram a desabrochar, mas o clima que marca o início da nova estação no Sul do Brasil chega carregado de tensão. Neste domingo (21), moradores de Guarapuava e de outras regiões centrais do Paraná enfrentam um cenário meteorológico típico do verão: chuvas intensas, rajadas de vento e um alerta vermelho emitido pela Defesa Civil para o risco de alagamentos e deslizamentos de terra.
Meteorologistas já vinham sinalizando, desde o início da semana, a formação de um sistema de instabilidade avançando sobre os estados do Sul, impulsionado por uma frente fria vinda do Sul da Argentina em contraste com o calor acumulado nas camadas mais baixas da atmosfera. No entanto, as últimas simulações climáticas anteciparam a chegada do temporal em Guarapuava, inicialmente previsto para a noite, para meados da tarde de domingo.
Tradicionalmente associada à renovação e ao equilíbrio, a primavera no Brasil tem revelado, nos últimos anos, um padrão cada vez mais errático. O que se vê hoje é um padrão climático típico das mudanças observadas com o aquecimento global: períodos curtos de calor intenso seguidos por eventos extremos de precipitação e vento.
Este início de estação marca a transição de um inverno seco para uma primavera que, em 2025, será fortemente influenciada pelo fenômeno El Niño, que tende a intensificar chuvas na região Sul. A consequência imediata são tempestades mais frequentes e de maior intensidade — sobretudo em áreas urbanizadas e de relevo acidentado como Guarapuava.
O risco invisível: moradores ribeirinhos e a bacia do Rio Cascavelzinho
A força da natureza não se distribui igualmente entre todos. Em bairros como o Jardim das Américas, na zona sul de Guarapuava, famílias vivem às margens do Rio Cascavelzinho – uma bacia já marcada por transbordamentos sazonais. A cada novo alerta de tempestade, o medo retorna.
Quando chove forte, a água sobe rápido. Muitos moradoras já pederam tudo e uma formação de nuvens no céu é o suficiente para que o medo se instale.
A Defesa Civil de Guarapuava reconhece a vulnerabilidade desses núcleos habitacionais, mas afirma que a realocação das famílias é complexa e depende de investimentos federais. Uma das principais metas do prefeito Denilson Baitala é transferir esses e outros moradores, hoje sem casa própria, para novos núcleos habitacionais, em áreas secas e com programas sociais e econômicos.
Neste domingo, o alerta foi classificado como “nível laranja” pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), indicando risco moderado a alto de corte de energia elétrica, queda de galhos, alagamentos e descargas elétricas. Para famílias em áreas de risco, o alerta pode ser a diferença entre a segurança e a perda total.
A Defesa Civil orienta:
- Evitar áreas de alagamento e enxurradas;
- Não se abrigar debaixo de árvores durante ventanias;
- Desligar aparelhos elétricos e o quadro de energia se houver risco de raios;
- Em caso de emergência, acionar o 199 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193.
- Além disso, os moradores de regiões ribeirinhas são aconselhados a ter um plano de evacuação, com documentos e itens essenciais armazenados em local de fácil acesso.
Crise Climática em Escala Local
O que acontece em Guarapuava não é um caso isolado. Ao longo do domingo, temporais também atingem Santa Catarina e o norte do Rio Grande do Sul.
Enquanto meteorologistas apontam para um setembro com volumes de chuva acima da média histórica, especialistas em clima e urbanismo alertam: a infraestrutura das cidades brasileiras não está acompanhando a nova realidade climática.
Os especialistas admitem que estão lidando com eventos extremos cada vez mais frequentes, que exigem políticas públicas de adaptação urbana, saneamento e habitação à altura do desafio. “O que é uma tempestade para uns, é uma tragédia para outros.
Próximos dias: a instabilidade persiste
A previsão para os próximos dias ainda indica instabilidade no Sul do país. Para Guarapuava, os meteorologistas preveem novas pancadas de chuva ao longo da semana, com risco de temporais isolados até quarta-feira.
Para muitos moradores, a primavera está chegando com cheiro de terra molhada.
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