China deve importar volume recorde de soja em 2026; Brasil mira novo pico de exportações
Preço, escala e logística fortalecem posição do Brasil no mercado global
08/12/2025
Impulsionada pela demanda crescente da indústria de ração e pela recomposição dos estoques domésticos, a China caminha para repetir em 2026 o ritmo acelerado de importações de soja registrado em 2025, quando atingiu marcas históricas. As projeções para o novo ano apontam para volumes próximos – ou até superiores – aos recordes recentes.
O Brasil, maior fornecedor mundial do grão, é quem mais se beneficia desse movimento. Com safra volumosa e condições competitivas no mercado internacional, o país deve bater novamente o recorde de exportações da oleaginosa.
Dados consolidados de 2025 indicam que a China fechou novembro com mais de 8 milhões de toneladas de soja importadas no mês, um crescimento superior a 13% na comparação anual. O acumulado do ano também mostrou avanço expressivo, sustentado principalmente pelos embarques brasileiros.
Analistas do mercado agrícola afirmam que a demanda chinesa segue firme e deve permanecer elevada em 2026. A indústria de proteína animal, altamente dependente do farelo de soja, continua como o principal motor dessa expansão.
Além disso, o país asiático tem ampliado estoques estratégicos para reduzir riscos associados à volatilidade logística e climática – o que reforça a tendência de compras volumosas no início do ano.
Brasil se consolida como principal fornecedor
No Brasil, o ciclo 2025/26 deve resultar em nova safra recorde, com projeções próximas de 178 milhões de toneladas. O volume colhido garante ao país a capacidade de abastecer com folga a demanda externa – sobretudo a chinesa.
A expectativa das principais consultorias do mercado é que as exportações brasileiras alcancem entre 111 e 113 milhões de toneladas em 2026, superando o recorde estabelecido em 2025.
A participação da China nessas vendas segue dominante: mais de três quartos da soja exportada pelo Brasil em 2025 teve como destino o mercado chinês, e a proporção deve se manter semelhante neste ano.
Concorrência dos EUA não deve alterar cenário no curto prazo
Apesar de entendimentos comerciais entre Washington e Pequim terem sinalizado possível retomada de parte das compras de soja americana, especialistas avaliam que o movimento não deve reduzir de forma significativa a participação brasileira em 2026.
A oferta abundante do Brasil, somada a preços mais competitivos e à previsibilidade logística, mantém o país como o principal destino dos contratos chineses.
Além disso, o clima adverso que afetou parte da safra dos EUA em 2025 reduziu o volume disponível para exportação, aumentando a dependência chinesa da América do Sul.
Pressões e riscos para o agronegócio brasileiro
O avanço das exportações, porém, reacende preocupações sobre a forte dependência externa do setor. A concentração das vendas em um único comprador – a China – expõe o agronegócio brasileiro a riscos geopolíticos e flutuações no mercado internacional.
Outro ponto de atenção é a infraestrutura: o escoamento de uma safra recorde exige capacidade logística compatível. Gargalos em rodovias, ferrovias e portos seguem sendo apontados como entraves ao crescimento sustentado das exportações.
Há também pressão crescente por práticas de produção sustentável, sobretudo por parte de importadores europeus e organizações internacionais. O avanço da fronteira agrícola, especialmente no Cerrado, segue no centro do debate.
Perspectiva para 2026: ano de novo recorde
Com safra cheia, demanda internacional aquecida e expectativa de recuperação gradual dos estoques globais, o Brasil entra em 2026 em posição privilegiada no mercado mundial de soja.
A China, por sua vez, tende a manter as compras em patamares historicamente elevados. A combinação entre necessidade interna, preços atrativos e relativa estabilidade no abastecimento cria o ambiente ideal para mais um ciclo de importações robustas.
Caso as projeções se confirmem, 2026 poderá consolidar a década como a de maior integração comercial entre as duas economias no setor agrícola — fortalecendo ainda mais a dependência mútua no segmento de grãos.
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