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Sérgio Moro sem chão; o grupo de Ratinho “inchado”

20/10/2025

A movimentação eleitoral no Paraná tem dado demonstrações precoces do que pode ser uma disputa complexa e recheada de idiossincrasias internas – especialmente no campo da direita.

Mesmo liderando as pesquisas para o governo do Estado, o senador Sérgio Moro (União Brasil) enfrenta turbulência onde deveria encontrar conforto: dentro da própria federação partidária que pretende abrigar sua candidatura.

Cida na retaguarda

Desde que a federação União Brasil–PP foi anunciada, o PP paranaense, dominado pelo grupo do ex-ministro Ricardo Barros, deu claros sinais de que não embarcará com entusiasmo no projeto morista. O nome que ecoa nos bastidores do Progressistas é o da ex-governadora Cida Borghetti, esposa de Barros, cuja pré-candidatura já vem sendo articulada com aval informal do presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira. Nos bastidores, o discurso é direto: o diretório estadual do PP não aceitará ser "linha auxiliar" de Moro.

PP pula fora

A reação foi imediata. Dezoito prefeitos eleitos pelo PP nas últimas eleições municipais pediram desfiliação desde o anúncio da federação. A debandada é interpretada como resistência explícita à pré-candidatura de Moro – e como sintoma de um problema maior: a desconexão entre as direções nacional e estadual da federação recém-formada.

Também no União Brasil

Apesar do capital eleitoral que o ex-juiz ainda conserva junto ao eleitorado antipetista, ele amarga dificuldades dentro do União Brasil. A renúncia de Felipe Francischini à presidência estadual da sigla – após embate direto com Moro – escancarou o racha interno. Com a saída de Francischini, também deve se confirmar a debandada de seis dos oito deputados estaduais do partido. Ney Leprevost, outro nome da direita paranaense, rompeu politicamente com o casal Moro após as eleições municipais de Curitiba, em que Rosângela Moro figurou como vice em sua chapa. Rosângela, esposa do senador, é, hoje, deputada federal por São Paulo.

Guto e Alexandre, com Greca correndo por fora

Enquanto isso, o grupo político do governador Ratinho Júnior (PSD), que preferiu não antecipar apoio a nenhum nome de fora do seu círculo imediato, movimenta-se para consolidar internamente um sucessor. Guto Silva e Alexandre Curi, ambos próximos ao Palácio Iguaçu, percorrem o interior ao lado do governador ou com pautas próprios (lançamentos e inaugurações governamentais) em ritmo de pré-campanha. O nome do ex-prefeito Rafael Greca, aliado de peso na capital, surgiu como possível vice de Guto, mas a resposta de Greca ao convite – um sorriso enigmático –foi suficiente para alimentar rumores de que ele próprio continua almejando ser a cabeça de chapa.

Futuro duvidoso

A fragmentação no campo governista, somada à incerteza sobre a candidatura de Cida Borghetti, poderia beneficiar Moro – se ele tivesse garantias de apoio dentro do próprio partido. Não é o caso. Com a federação ainda não homologada pelo TSE, a incerteza jurídica também pesa. Se por um lado a legislação obriga a união de legendas federadas em todas as eleições por pelo menos quatro anos, por outro, a resistência dos diretórios regionais pode levar a disputas internas judicializadas – ou até mesmo à reversão da federação antes de sua efetivação.

Barros acelerando na curva

Na equação eleitoral do Paraná, Sérgio Moro tem votos, mas não tem chão. Governadores se fazem com base, prefeitos e estrutura regional – e é exatamente isso que está escorrendo pelos dedos do ex-juiz. Ao mesmo tempo, Ricardo Barros lidera na outra ponta e encontra na esposa Cida Borghetti um canal para tratativas eleitorais e espaços dentro do grupo de Ratinho Júnior.

Curi costura apoio no Parlamento Estadual

Alexandre Curi procura fortalecer sua base dentro do próprio território por onde transita com desenvoltura, a Assembleia Legislativa. O deputado Ademar Traiano (PSD) figura como um dos principais padrinhos da candidatura alexandrista, com articulações que reverberam entre outros parlamentares – caso dos guarapuavanos Artagão Júnior (PSD) e Cristina Silvestri (PP).

O Mick Jagger das eleições presidenciais

O ex-governador Roberto Requião, hoje PDT, pode surgir como candidato a presidente da República, depois que Ciro Gomes anunciou sua retirada para o PSDB. Apesar da idade avançada do governador, com 84 anos, isto não será problema, pois o presidente Lula, com 79, não está muito distante. Requião tende a impor um caldo mais denso na disputa presidencial, com sua reconhecida verborragia ácida. Entre os setores que animam as eleições, a participação de Requião já tem um nome: “Candidatura Rolling Stones”. A analogia refere-se ao ícone do rock mundial, o lendário Mick Jagger, líder da banda Rolling Stones, que continua na ativa aos 82 anos.

Ana Paula Burko no “front”

Duas novas candidaturas femininas se somam ao cenário da corrida eleitoral em Guarapuava. A advogada Ana Paula Burko, esposa do ex-prefeito Vitor Hugo Burko, sinaliza com filiação ao Novo do deputado estadual Fábio Oliveira e poderá ser candidata. A escolha poderia ser a federal, para uma dobradinha com Oliveira, mas não se descarta a hipótese de ela sair a estadual, para encorpar a legenda.

Sempre lembrada

Ana Paula Burko chegou a ser cotada para ser a vice de Dr. Antônio (PT) nas eleições municipais passadas, mas a base petista preferiu o médico Antônio França Araújo (PV). Ela transita pouco na berlinda política, na sombra de Burko, mas agora encontra a oportunidade de mostrar-se claramente à população de quem deseja ser representante.

Pedro e Bruna

No MDB do vereador Pedro Moraes, presidente da Câmara Municipal, também se ventila novidades. A ex-veredora Bruna Spitzner se filiou ao partido e cogita a possibilidade de ser candidata a deputada estadual, dobrando com Pedro Moraes, hoje pré-candidato a federal.

Gilson da Ambulância, outra novidade

Também é voz corrente que o vereador Gilson da Ambulância (PSB), com forte influência em setores evangélicos, está na cota das candidaturas a deputado estadual. Em setores distantes das correntes partidárias, comenta-se que Gilson da Ambulância teria chances de se eleger “até com 20.000 votos” dentro da sigla pessebista.

Rosângela Virmond, de vice à federal?

Para completar, a vice-prefeito Rosângela Virmond (PSD) figura nas avaliações dos analistas locais como potencial candidata a deputada federal, cargo para o qual concorreu nas eleições de 2022. Embora o grupo do prefeito Denilson Baitala tenha “compromisso fechado” com o deputado federal Rodrigo Estacho (PSD), o quadro eleitoral ainda vai depender de muitas e minuciosas avaliações.

Há controvérsias

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