Sem internato, medicina na Unicentro corre o risco de fechar
Aulas recomeçam sem vagas de estágio para a turma do 5º ano
08/04/2024
Estudantes de medicina da Unicentro fazem estágio em hospitais de Guarapuava, Pitanga e Irati, mas há um impasse jurídico e orçamentário para o internato nas unidades básicas da saúde de Guarapuava. Prefeitura, reitoria e Câmara de Vereadores buscam uma saída
O curso de medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, corre sério risco de não ser reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), caso a reitoria e o poder público não encontrem vagas para os estudantes que estão em fase de internato.
A primeira turma chegou em 2023 ao quinto ano de formação, período em que começa a prática profissional e o treinamento supervisionado, essencial para a formação dos futuros médicos. No ano passado, a universidade firmou convênio com hospitais de Guarapuava, Irati e Pitanga para o estágio dos 38 alunos que chegaram a esta fase.
O mesmo precisa acontecer nas unidades básicas de saúde (UBS e UPA) de Guarapuava, pois os estudantes dependem de auxílio dos médicos profissionais que atuam nesta área, em trabalhos preventivos e de urgência e emergência. A Campo Real, instituição particular, paga média de R$ 3 mil individualmente pelo mesmo atendimento. A Unicentro, universidade pública, não tem esse orçamento
Os estudantes ficam em internato em hospitais e unidades básicas de saúde, fazendo aulas práticas com a supervisão de um médico já formado. A parceria é determinante para que os estagiários possam aplicar os conhecimentos teóricos obtidos em sala de aula no dia a dia de uma unidade de saúde.
MÉDICOS SUPERVISORES SÓ ATUAM SE RECEBER
O problema é que faltam médicos com disposição para dar esse auxílio aos estudantes da Unicentro. O curso de medicina do Centro Universitário Campo Real, criado antes da Unicentro e com uma turma já formada, fez a sua parte ao firmar convênio com a Prefeitura Municipal. Para isso, a Campo Real destinou uma quantia financeira mensal, estimada em torno de R$ 3.000,00, para cada médico auxiliar dos estudantes. Os médicos recebem esse valor além do salário mensal.
A Unicentro não tem verba orçamentária para pagamento dessa natureza. Avalia-se a possibilidade de o Estado, que é mantenedor da universidade pública estadual, criar uma bolsa específica para esse fim, mas, de antemão, é sabido que o valor não chegaria “nem de perto” ao ofertado pela Campo Real.
Os estudantes da Unicentro fizeram um manifesto público no começo do ano, chamando atenção da população, o que deu origem a uma audiência pública na Câmara Municipal e tentativas de uma solução. A questão jurídica e orçamentária vem sendo analisada pela Prefeitura, Legislativo, reitoria e coordenação do curso, junto com o centro acadêmico. Nesta semana está prevista uma nova manifestação.
Durante sessão com o plenário lotado de professores e estudantes, no dia 27 de fevereiro, os vereadores aprovaram o requerimento 40/2024, solicitando estudo para a criação de um programa de bolsas para remunerar os serviços de preceptor/tutor nos estágios acadêmicos nas UPA e UBS do Município.
Ainda não há uma análise, tornada pública, se os médicos têm obrigação contratual com o Município para realizar o acompanhamento aos estagiários, se uma cobrança “por fora” do contrato é legal e um posicionamento do representante de classe, o Conselho Regional de Medicina.
RETORNO ÀS AULAS
As aulas da Unicentro recomeçam a partir de hoje (segunda-feira) diante deste impasse. Pelo certo, os estudantes de medicina em fase de internato deveriam estar sendo encaminhados a hospitais e unidades de saúde de Guarapuava.
A direção da Unicentro também precisa responder por que a demanda do internato não foi previamente prevista, sabendo-se que o curso entraria no quinto ano. Em julho do ano passado, a Unicentro firmou convênios de cooperação com hospitais de Guarapuava e Irati, para estágios em cirurgia e em ginecologia e obstetrícia, e de Pitanga, para as atividades na área de saúde mental e saúde da família.
A Campo Real, uma universidade particular, encontrou mais facilidades. Há poucas semanas, a instituição firmou novo convênio com a Prefeitura, para construção de um grande UBS na área central da cidade, a exemplo dos investimentos em reformas e ampliações realizadas nas unidades de saúde da Concórdia, Planalto e Jordão.
Se até o final de 2024 a Unicentro não conseguir equalizar o déficit, vai chegar em 2025 na fase de reconhecimento com sérios problemas, sob o risco de o Ministério da Educação entender que o curso não atingiu suas metas.
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