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Paraná reduz desmatamento em quase 94% em quatro anos, aponta estudo

Uso de geotecnologias e alertas diários amplia capacidade de resposta do IAT

01/12/2025

O Paraná foi o estado que mais reduziu o desmatamento entre 2021 e 2024, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), do MapBiomas. Nesse período, a área desmatada por ação humana caiu 93,7% – de 6.887 hectares para 432 hectares.

A queda é atribuída a um conjunto de políticas públicas, uso intensivo de tecnologia e reforço na fiscalização ambiental.

Aline Canetti, engenheira florestal do Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação do Instituto Água e Terra (IAT), afirma que a sistematização do monitoramento elevou tanto o número de autos de infração quanto o valor das multas. Segundo ela, o uso de geotecnologias permitiu ampliar a capacidade de resposta do órgão, com imagens de satélite, alertas quase diários e autuações remotas.

Além dos sistemas digitais, houve reforço nas ações de campo realizadas pelos escritórios regionais e pelo Grupo de Operações Ambientais (GOA).

Mata Atlântica

Nos dois anos mais recentes analisados, a supressão ilegal da Mata Atlântica caiu 64,9% no estado, passando de 1.230 para 432 hectares — o terceiro melhor desempenho do país, atrás de Goiás e Distrito Federal.

Em 2024, 71% dos municípios paranaenses não registraram desmatamento ilegal do bioma, segundo o MapBiomas. Ao todo, 284 cidades não tiveram alertas de supressão vegetal. Além disso, 75% dos municípios apresentaram saldo positivo de vegetação nativa.

Apesar dos avanços, a identificação de infratores ainda é um entrave, segundo Canetti, devido a falhas no Cadastro Ambiental Rural (Sicar) e a conflitos fundiários. A prioridade, diz ela, será manter a pressão fiscalizatória e monitorar áreas já autuadas para verificar a regeneração.

O secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, afirma que o conjunto de ações ambientais reforçou a capacidade do estado de controlar o território e preservar áreas verdes, citando inclusive o registro de espécies ameaçadas em áreas protegidas.

Ferramentas tecnológicas

O Paraná utiliza hoje três plataformas principais de monitoramento:

Rede MAIS, da Polícia Federal, que oferece imagens de alta resolução em tempo real;

Prodes Brasil, do Inpe, tradicional na Amazônia e expandido para outros biomas em 2022;

MapBiomas Alerta, que combina satélites, computação em nuvem e inteligência artificial.

O avanço tecnológico reduziu o limiar mínimo de detecção de desmatamento de 1 hectare para 0,3 hectare. Para o IAT, isso acelerou o tempo de resposta e diminuiu custos.

Fiscalização ampliada

Para lidar com o volume maior de alertas, o IAT contratou mais de 500 servidores desde 2021. A fiscalização resultou em aumento significativo de autos de infração ambientais: foram 2.352 em 2019 (R$ 50 milhões em multas) e 5.408 em 2024 (R$ 137 milhões). Entre janeiro e outubro de 2025, já havia 3.422 autos, somando R$ 92 milhões.

Os recursos são destinados ao Fundo Estadual do Meio Ambiente, que financia projetos de proteção, conservação e recuperação ambiental.

Políticas públicas

O estado mantém ainda programas de incentivo, como o ICMS Ecológico por Biodiversidade, que repassa 5% do ICMS aos municípios que abrigam unidades de conservação, terras indígenas ou mananciais de abastecimento público. Em 2024, 236 municípios receberam R$ 317 milhões.

Outras iniciativas incluem o Pagamento por Serviços Ambientais Municipal (PSAM), destinado a proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

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