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Guarapuava à espera de uma boa notícia

Casos policiais embalam o nome da cidade nos noticiários locais e nacionais

06/05/2021

Qual "boa" notícia seria capaz de projetar Guarapuava para além-fronteiras da Serra da Esperança?

O Caso Manvailer ou Caso Tatiane Spitzner, ao gosto de cada um, transformou Guarapuava, mais uma vez, num centro midiático nacional, que só concorre com o assassinato de crianças e professoras na cidade catarinense de Saudades e com a morte do ator Paulo Gustavo.

Quando da morte da advogada Tatiane Spitzner, em 22 de julho de 2018, Guarapuava era a Saudades de hoje: uma cidade inteira em comoção, e desta tragédia, um País e até o Exterior abastecidos com notícias diárias que provocam reações emocionais instantâneas

O plenário do Tribunal do Júri e a rua em frente ao Fórum Desembargador Guarita Cartaxo, onde o professor de biologia Luiz Felipe Manvailer está sendo julgado pela morte de Tatiane, sua ex-esposa, transformou-se num palco de "reality show".

As principais emissoras de televisão e de mídia digital do Brasil estão de prontidão durante todas as fases do júri, que nestes dois últimos dias estendeu-se das 9 às 22h30, em média 15 horas diárias ininterruptas.

Só a Globo mandou para Guarapuava, de Curitiba, uma equipe com cerca de 10 profissionais de repórteres, cinegrafistas, técnica, com transmissão ao vivo por internet e um aparato por satélite, caso haja falhas no sistema. Junto, veio uma equipe exclusivamente dedicada para o G1, um dos sites de notícias da Globo.

Em esquema parecido, com entradas ao vivo ou gravadas, estão a RIC Record e o SBT, mais os sites locais.

Casos como o de Tatiane/Manvailer, o massacre de Saudades ou a morte de um famoso, como Paulo Gustavo, são temas com aceitação fácil na opinião pública.

Veja-se o comportamento em Guarapuava: o bloco mais lido em todos os sites locais é a relação de mortes diárias publicadas originalmente no obituário da Prefeitura Municipal. Alguns sites reproduzem a lista, outros apenas criam um "link" que redireciona.

Em seguida, vem as notícias policiais, pautadas pelo boletim de ocorrência enviado às redações, nas primeiras horas da manhã, pela central de informações da Polícia Militar.

Para ilustrar esse diagnóstico, basta dizer que um dos mais recentes sites de Guarapuava se especializou unicamente em divulgar o nome e a fotografia de mortos, com mensagem de "pêsames", e em matérias policiais, para atrair seguidores. Se isso reverte em engajamento com qualidade, o futuro breve dirá.

Outro exemplo está na estratégia de atuação dos advogados que fazem a defesa de Manvailer e o de acusação, a favor de Tatiane Spitzner. As duas bancas advocatícias vieram a Guarapuava cientes da exposição midiática nacional, com assessores preparados para nutrir a imprensa e as plataformas de redes sociais com informações. Além da complexidade do caso em si, é natural que, quanto mais demorar o tempo de júri, que pode se estender até o fim de semana, mais tempo ganham nos noticiários nacionais.

A pergunta que continua a merecer resposta é: qual “boa” notícia seria capaz de projetar Guarapuava?

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