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Entre parreiras e histórias, cultura do vinho ganha força em Guarapuava

Projetos pioneiros são modelos de negócios familiares e também para o turismo

01/06/2025

O Dia Nacional do Vinho, celebrado no Brasil no primeiro domingo de junho, é uma data que ganha cada vez mais significado em Guarapuava.

A região apresenta condições climáticas e geográficas favoráveis para a produção de uvas, o que impulsiona o crescimento da vitivinicultura local.

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Iniciativas como o Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense, o Revitis, criado em 2019, têm sido fundamentais nesse processo.

O programa atua em quatro eixos: incentivo à produção, reorganização da comercialização, desenvolvimento do turismo e apoio à agroindústria. Além disso, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) presta assistência contínua aos viticultores da região.

Entre as histórias inspiradoras desse cenário em expansão está a da Vinícola Horst. Alberto e Joelma sempre sonharam em adquirir um sítio para fugir da agitação urbana.

O casal Alberto e Joelma Horst, da Vinícola Horst

Em 2017, compraram uma propriedade com gado, mas logo perceberam que buscavam algo diferente. Em um fim de semana chuvoso, visitaram a Vinícola Araucária, em São José dos Pinhais, e se encantaram. Foi ali que surgiu a pergunta que mudaria suas vidas: “E se fizéssemos isso em Guarapuava?”.

A ideia amadureceu e, em 2020, o casal deu início ao projeto. Alberto iniciou um curso de sommelier e Joelma ingressou em uma disciplina de viticultura e enologia em um curso de pós-graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Com o apoio de um amigo no Rio Grande do Sul, importaram 10 mil mudas de uvas europeias (vitiviníferas) e, com a ajuda das famílias, plantaram todas em uma semana — entre os dias 2 e 9 de novembro de 2020. Foi nesse período de união e trabalho que decidiram o nome da vinícola: Vinícola Horst.

O cultivo de uvas finas exige atenção ao solo, que precisa ser profundo, bem drenado e com pH entre 5,5 e 6,5 para garantir a qualidade das videiras. O período de dormência, no final do outono e inverno, é um momento crucial para o desenvolvimento das plantas, já que elas aparentam estar inativas, mas se preparam para o crescimento.

A primeira colheita da Vinícola Horst, em 2023, rendeu 5 mil quilos de uvas e resultou em 4 mil garrafas de vinho. Como as uvas são de cultivo perene, os vinhedos tendem a produzir por até 35 anos, com vinhos de maior valor agregado à medida que as videiras envelhecem.

Hoje, a vinícola tem parcerias com a Unicentro e com o Colégio Agrícola, oferecendo cursos e estágios voltados à produção de vinhos orgânicos. Também integra a Associação de Viticultores do Sul do Paraná, que reúne produtores de Reserva do Iguaçu, Pitanga, Inácio Martins e da Colônia Witmarsum.

Casa Magda, mais uma tradição familiar fazendo história em Guarapuava 

Outra referência em Guarapuava é a Casa Magda, localizada entre os rios Jordão e Bananas. A vinícola nasceu de uma história familiar. Juliano Cardoso, neto dos fundadores, decidiu investir no cultivo de uvas após uma viagem a Bento Gonçalves, em 2021. Trouxe mudas de uvas europeias e plantou as primeiras parreiras com o objetivo de resgatar as origens da família, que veio do Rio Grande do Sul e da Itália.

O terroir, conjunto de fatores naturais e humanos que influenciam o sabor e as características únicas, da região apresenta características semelhantes às da Serra Gaúcha e de vinícolas argentinas que produzem o tradicional Malbec, fatores que fortaleceram a decisão de seguir com o projeto. A vinícola homenageia Magda, mãe de Juliano, que residia na propriedade. Seu legado está presente nos rótulos, como o “Mamina” (mãe, em italiano) e o “Rosas de Magda”, inspirado nas rosas que cultivava no sítio. Este último conta com versões em rosé e branco, produzidos com uvas italianas e simboliza os três filhos da matriarca.

Hoje, a Casa Magda produz cerca de 5 mil garrafas por ano e tem como meta alcançar 15 mil nos próximos anos. A vinícola se transformou em um verdadeiro complexo de viticultura, com restaurante aberto nos finais de semana, eventos para a comunidade e visitas guiadas que incluem degustação de vinhos e passeios pelas parreiras.

Guarapuava, tradicionalmente reconhecida pela produção de malte, agora desponta como um novo polo do enoturismo no Paraná. Com histórias marcadas pela paixão, tradição familiar e inovação, a cultura do vinho cresce na região, impulsionando o turismo, a agricultura e a identidade local.

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