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Água amarela volta a aparecer na água servida pela Sanepar em Guarapuava

Problema cria dúvidas no consumidor, com relatos de diarreia e vômito, em meio ao surto de dengue

16/04/2024

Uma moradora do bairro Santana, um dos mais populosos de Guarapuava, enviou imagens ao perfil do Viva Guarapuava no Instagram, relatando que a água que chega da Sanepar a sua residência continua amarelada.

O relato de Mariana dos Santos Barbosa foi transmitido ontem (segunda-feira), poucos dias depois das denúncias envolvendo a Sanepar em Guarapuava.

Uma das imagens é de água no tanque de lavar roupa, escurecida. A outra, de um copo, com líquido esbranquiçado, possivelmente com alto teor de cloro ou outros produtos utilizados no tratamento da água.

"Tenho uma menina de 2 anos que só tá vomitando. Meu irmão tbm (sic) está com vômito e diarreia", conta a moradora. "Até quando vamos pagar uma conta alta e receber essa vergonha em nossas casas?", questionou ela.

DENÚNCIA DO EX-FUNCIONÁRIO

Recentemente, a situação preocupante da bacia de captação da Sanepar em Guarapuava, no Rio das Pedras, veio a público por meio de uma denúncia do ex-funcionário Glauberson Rocha, que trabalhou 20 anos na empresa. Em um vídeo que criou grande impacto entre a população, ele mostrou dejetos de animais acumulados junto aos tubos que captam a água do rio e levam para a estação de tratamento.

Na mesma denúncia, Glauberson Rocha apontou "erros técnicos" no projeto do que deveria ser uma barragem, e que, por conta disso, foi substituída por uma barreira em sistema de enrocamento (amontoado de rochas). Ainda segundo o ex-funcionário, o problema gerou falhas na construção da nova estação de captação. O projeto original estava orçado em cerca de R$ 20 milhões, recursos que foram pagos integralmente, mesmo com as mudanças. O investimento incluiu uma nova estação de tratamento.

Em resposta, a diretoria da Sanepar avisou que estava acionando o ex-funcionário na Justiça e negou as irregularidades. Admitiu, porém, a existência da cor amarelada – o que seria impossível negar, pois está a olhos vistos dos consumidores –, assegurando que não é prejudicial à saúde.

REAÇÃO SECUNDÁRIA

A Sanepar diz que a cor amarela é uma reação "secundária" de produtos químicos na tubulação, que, conforme a empresa, está sendo corrigida e situa-se dentro dos “níveis admissíveis” de ferro para consumo humano. "É até benéfico para a saúde", assegurou. 

As declarações da Sanepar são controversas. Especialistas indicam que o excesso de ferro pode causar danos a saúde e que a administração desse mineral, para consumo humano, obedece a fórmulas específicas. A companhia mantém um laboratório e profissionais especializados.

A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) também dispõe do Laboratório de Análises de Água, com capacidade para analisar 60 parâmetros distintos em amostras de água, sob o compromisso de monitorar a qualidade do produto fornecido à população guarapuavana e dos demais municípios da 5ª Regional de Saúde.  

O ex-funcionário desafiou a direção da Sanepar a provar, tecnicamente, que ele está errado. Rocha entregou um "dossiê" ao Ministério Público da Comarca de Guarapuava.

CONSUMIDOR EVITA ÁGUA DA SANEPAR

Muitos consumidores deixaram de beber a água da Sanepar, inclusive os que têm filtro nas torneiras, substituindo por de fonte mineral. A população demonstra insegurança e passou a atribuir problemas de saúde à água fornecida pela Sanepar, como é o caso da moradora do Santana.

A cidade convive com surto de dengue, que também apresenta sintomas de diarreia e vômitos.

O bairro é o mesmo onde fica a estação de tratamento da Sanepar.

O Paraná Central encaminhou a dúvida da moradora à gerência regional e à assessoria de comunicação da Sanepar e aguarda resposta.

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